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Ceará fabricará capacete respiratório contra Covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a produção e comercialização de um capacete de respiração assistida inventado por cearenses para ser utilizado no tratamento de pacientes de Covid-19. Batizado de Elmo, o equipamento é acomodado no pescoço e libera oxigênio pressurizado em torno do rosto, facilitando a respiração. Em testes realizados, reduziu em 60% a necessidade de entubação e internação em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

“O Elmo foi a salvação da minha vida”, disse a aposentada Maria Irismar Morais, 70 anos, em depoimento à Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), onde o equipamento foi idealizado pelo professor Marcelo Alcantara, superintendente da escola. Maria chegou a ter 70% dos pulmões comprometidos. Utilizou o capacete durante dois dias, recuperou-se da insuficiência respiratória e teve alta em julho.

Maria foi um dos dez pacientes com idade entre 37 e 76 anos submetidos aos testes clínicos nos últimos cinco meses. A experiência foi realizada no Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, reservado pelo governo cearense para casos de Covid-19. Seis dos dez pacientes que utilizaram o capacete não precisaram ser removidos para UTI. A eficácia do equipamento foi comprovada em casos moderados e graves – estes últimos em fase inicial.

“Esperávamos que metade dos pacientes se beneficiassem, mas foi acima do esperado”, disse Alcantara. “E não eram casos leves, todos utilizavam doses altas de oxigênio. Estavam numa situação limítrofe, com risco de internação em leitos de UTI, e melhoraram relativamente rápido.”

Com sede no município cearense de Maracanaú, a empresa Esmaltec – especializada em eletrodomésticos – foi autorizada a fabricar e comercializar o equipamento. A patente do capacete foi registrada em julho no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

 

VANTAGENS DE CUSTO E SEGURANÇA

Alcantara teve a ideia de criar o capacete há oito meses, quando a Covid-19 estava no auge no Ceará. Nove protótipos foram testados no Laboratório Elmo, implantado na Central de Ventiladores Mecânicos e Equipamentos Respiratórios, criada pelo governo cearense para o atendimento durante a pandemia. O trabalho envolveu médicos, fisioterapeutas, técnicos, designers industriais e engenheiros, com apoio do governo do Ceará e outras instituições.

Uma das vantagens do equipamento é poder ser reutilizado depois de passar por uma desinfecção. Outras são o custo menor que o dos respiradores mecânicos e a maior segurança para médicos e enfermeiros. Como o capacete é vedado, os profissionais de saúde não ficam expostos à respiração do paciente.

“O Elmo é um feito importante para o país. O projeto foi desenvolvido em tempo recorde, apesar de não queimar etapas e cumprir todas as exigências dos órgãos de pesquisa e regulação”, afirmou Paulo André Holanda, diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no Ceará.

Além do Senai e do governo cearense, o projeto envolveu a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará, a Universidade Federal do Ceará e a Universidade de Fortaleza. A eficácia do capacete deverá ser testada em pacientes com outras doenças que afetam o sistema respiratório, como pneumonia e edema pulmonar agudo.

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