O QUE VOCÊ PROCURA?

O verdadeiro amor

“Não se ama o outro porque ele é um rapaz de bem, bem-humorado e um bom genro. Não se ama porque ela bebe pouco e sabe se portar em eventos sofisticados. Não se ama porque ele tem modos à mesa, porque ela sabe dançar, porque gosta dos mesmos filmes que você. Você o ama pela sensação que te dá quando toca suas mãos. Ama-se pelos olhos, pelo cheiro da pele, pelo gosto da boca. Ama-se pelo que não se pode identificar, não se pode explicar, não se pode traduzir. Ama-se os detalhes indecifráveis do outro – tipo o modo como move o corpo quando ri.”

Abro com esse texto de Nathalí Macedo para falarmos desse sentimento que intriga a humanidade desde o começo da existência: o tão esperado, e também temido, amor.

Tem gente que confunde amor com dependência ou conveniência. Há quem fale “Eu te amo” mas não está disposto a abrir mão da sua liberdade, quanto mais da sua individualidade. Porém, quem ama deixa de ser um, torna-se dois, e por livre e espontânea vontade, no fundo grato, feliz da vida.

Quem ama perde o medo de voar e sequer aventa a possibilidade de cair. Porque o amor real supera críticas e crises, alimenta-se do diálogo, acredita no ajuste, no equilíbrio e na compreensão mútua.

Amor não se esconde, é mostrado em público. Inspira o mundo, renova, dá vida. E só adoece se não for cultivado no dia a dia, feito planta.

Nunca diga “Eu te amo” se não estiver realmente disposto a entregar sua vida ao outro, se não confiar plenamente na pessoa que escolheu. Mas saiba: você pode escolher alguém, mas não escolhe amá-lo. Quem dera fosse possível levantar de manhã e dizer “Vou amar aquela pessoa interessante ali, que me deseja ardentemente”. Seria fácil. Amaríamos por inteligência, e não de forma passional. Ninguém sofreria por alguém.

Amor é uma vontade involuntária. Por mais que você se esforce para fugir, ele te pega numa curva da vida e te enlaça de tal forma que você pode até se enganar ficando com outro ou outra, mas quando passa a neblina, se dá conta de que precisa respirar de novo aquele ar rarefeito. “Pra dormir na cocheira tem que ter o mesmo cheiro do cavalo, pra não incomodar”, já dizia Raul Seixas.

Amor faz o coração balançar e estremecer durante uma doce lembrança, faz você palpitar diante de um reles sorriso. Numa época em que relacionamentos são destruídos por tão pouco – traições, intriga entre famílias ou instabilidade financeira – ter um amor de verdade, alguém de corpo e alma com quem possa contar, é pedra preciosa de valor incalculável.

O amor acontece com inocência, sem isso é pura conveniência. Há quem se case porque quer sair de casa, porque a Igreja manda, há quem se case até para transar mais. Casa-se por casar. Quando uma união assim termina, na maior parte das vezes sequer começou. Casamento nunca foi e nem será certeza ou sinônimo de felicidade, fidelidade ou amor.

Em vez de jogar o buquê para a galera, leve-o para a casa e torne a sua vida mais florida. O verdadeiro cônjuge cultivará junto essas flores, regando-as para que jamais murchem.

Lembre-se: não se cura solidão com falsos amores. E só o amor verdadeiro te livra de padecer sozinho, por exemplo, na velhice. Afinal, beleza e riqueza têm prazo de validade. Amor sincero, não.

Amor não vê conta bancária, mas trabalha forte para poupar de forma conjunta. Não vê barba lisinha ou olhos azuis, músculos sarados ou seios perfeitos: enxerga a beleza da alma.

O verdadeiro amante não te quer apenas para noites de prazer. Sonha te cuidar até o último dos seus dias.

Marcos Eduardo Neves é jornalista, publisher da Approach Editora e escritor, autor de Nunca houve um homem como Heleno (Zahar).

 

COMPARTILHE

logo_busca

Mais resultados...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors