O QUE VOCÊ PROCURA?

Qualidades técnicas e humanas ditam futuro do trabalho

A partir da pandemia do coronavírus, o sucesso de qualquer profissional está atrelado à sua capacidade de aliar habilidades técnicas e humanas. É o que afirmam as consultoras e especialistas em liderança peruanas Patricia Cánepa e Patricia Merino no livro O futuro do trabalho, lançado este ano. Em entrevista à BBC, elas identificam três áreas de trabalho promissoras: educação, saúde e economia verde.

A tecnologia é o grande motor das mudanças no campo do trabalho decorrentes da pandemia, afirmam as especialistas. “A transformação digital chegou e não há como voltar atrás”, diz Merino, acrescentando que o mito de que o trabalho remoto não funciona foi quebrado. “Questões como teleducação, telemedicina e teletrabalho geraram mudanças profundas que vieram para ficar”, afirma.

Para Merino, os maiores desafios enfrentados em países latino-americanos estão nas áreas de educação e infraestrutura. “É importante que haja coordenação entre a empresa e Estado para facilitar os recursos de educação online que viabilizam esse processo”, diz ela. “A aceleração da adoção digital nos primeiros meses da pandemia fez com que tudo viesse cinco anos adiantado. Portanto, o que víamos como uma fase mais distante está aqui e agora.”

 

MUNDO DE AGILIDADE E COLABORAÇÃO

No livro, as autoras relacionam competências fundamentais no ambiente de trabalho atual, dividindo-as em dois campos: técnicas e humanas. No lado  técnico, afirma Cánepa, o profissional precisa combinar habilidades de especialização com habilidades tecnológicas. Mas nesse novo mundo de trabalho “as competências humanas são cada vez mais importantes”, diz ela, citando qualidades como colaboração, empatia e criatividade.

“Enfrentamos um mundo ágil, um mundo onde você tem que colaborar, senão não se consegue os resultados com a velocidade ou com a eficiência que se espera”, avalia Cánepa. “Entramos num ambiente muito incerto, onde há muita neblina na estrada e onde você tem que se apoiar nos outros e confiar na inteligência colaborativa.”

As organizações, segundo as autoras, estão mais planas, tornando o que elas chamam de criatividade prática uma qualidade fundamental. “Nesta era, ser criativo implica identificar problemas, e para isso é preciso primeiro ter empatia, saber identificar problemas e, se você identifica um problema, automaticamente pensará na solução”, diz Merino.

Em O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial (José Olympio, 1999), o filósofo italiano Domenico de Masi  lança uma tese que, de certa forma, afina-se com a proposta das especialistas peruanas. Ele afirma que, graças às novas tecnologias, o planeta viveria uma sociedade pós-industrial, em que conhecer contaria mais do que fazer. Desenvolve melhor seu trabalho quem cultiva outros interesses, diz o autor.

Para o filósofo, as pessoas não estavam se dando conta disso e continuavam a trabalhar como faziam há cem anos, enfiadas o dia inteiro num escritório. “Seríamos muito mais felizes se tentássemos adequar os nossos comportamentos às regras da sociedade pós-industrial, integrando na nossa vida o ócio e o trabalho, de modo a criar uma única e satisfatória continuidade”, propõe.

 

COMPARTILHE

logo_busca

Mais resultados...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors