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Três jovens e a meta de alegrar crianças deficientes

Num domingo ensolarado, um grupo de dez crianças brincava no playground do edifício Pedra de Itaúna, na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Algumas pareciam mais felizes que outras. Exibiam um sorriso mais efusivo. Pela primeira vez, elas se divertiam num brinquedo adaptado para suas deficiências físicas. A visão dessa cena fez Luíza Ourivio, de 18 anos, sentir uma imensa gratificação.

Luíza e dois amigos, Cláudio Palhares e João Roberto Duque Estrada, ambos de 17 anos, estão à frente do projeto AdaptaRio, cujo objetivo é dotar praças públicas da cidade de brinquedos para deficientes físicos. Os três são alunos da Escola Britânica. Tiveram a oportunidade de conhecer um lado mais difícil da vida por meio da ONG One by One, dedicada a crianças carentes com necessidades especiais – e da qual são voluntários.

Ao conhecerem a ONG, no ano passado, eles começaram a pensar em maneiras de colaborar com o projeto. O primeiro passo foi coletar tampas de lata destinadas a reciclagem. Junto à One by One, conseguiram acumular mais de meia tonelada de sucata e vendê-la. Contudo, o valor arrecadado daria para comprar no máximo uma cadeira de rodas.

“Começamos então a pensar num outro jeito, de maior impacto”, conta Luiza. Debruçados sobre o computador, eles descobriram que no Rio havia pelo menos dois fabricantes de brinquedos adaptados para deficientes físicos. Com uma vaquinha ainda em curso (no site vakinha.com.br), venda de ecobags (sacolas de compras reaproveitáveis) e doações de parentes e amigos, eles já juntaram mais de R$ 4,6 mil. E negociaram com um fabricante um desconto de 20% na compra de um gira-gira e um balanço, que custavam R$ 4 mil cada um.

 

META É BENEFICIAR TRÊS PARQUES

Pesquisas também contribuíram para os três jovens avaliarem o tamanho do impacto que poderiam causar. Eles tiveram acesso ao mais recente censo do IBGE, de 2010. Na época, foram contabilizados 45,6 milhões de portadores de deficiência física na população brasileira, 7,5% dos quais com idade de até 14 anos. Valia a pena, concluíram.

“Era um projeto complexo, porque, além do dinheiro, dependia de uma regulamentação da prefeitura que permitisse a instalação desses equipamentos nas praças públicas”, lembra Luíza. O processo consumiu seis meses. Eles se mantiveram firmes no propósito, com a ajuda da mãe de um amigo em comum. Após derrubarem os entraves burocráticos, descobriram que seriam instalados brinquedos na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. “Indiretamente, acabamos ampliando o benefício”, diz a jovem.

Embora os primeiros brinquedos não tenham sido instalados numa praça pública, mas num condomínio, o AdaptaRio pretende beneficiar três parques da cidade quando atingir a meta da vaquinha, de R$ 21 mil. O Parque de Madureira já foi procurado. “Priorizamos espaços que contem com a necessária manutenção desses brinquedos”, explica Luíza.

A concretização do projeto ainda está no início, mas os três jovens já guardam na lembrança a satisfação de testemunhar crianças com deficiência física brincando ao ar livre entre outras. Luíza constata: “Onde brinca uma criança deficiente, brinca uma sem nenhuma necessidade especial. O inverso, entretanto, é impossível.”

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