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Você comeria insetos?

Com as alterações climáticas e a expansão da população global, alterações na dieta se tornaram uma pauta importante para pesquisadores em todo o mundo. Muitas mudanças foram sugeridas, como dietas com índice calórico reduzido, reduções drásticas no consumo de carnes, açúcares e legumes ricos em amido, e a conversão da população para um regime majoritariamente vegetariano. Mas seria possível consumir uma outra fonte de proteína com uma pegada de carbono significativamente menor em comparação com a produção de carne, altamente nutritiva e metabolicamente viável. Você já pensou em comer insetos?

Uma fonte segura de proteína

Em um estudo divulgado na semana passada pesquisadores da Universidade de Leeds e da Universidade de Veracruz, no México, revisaram os atuais métodos de cultivo de insetos, tecnologias de processamento e técnicas de comercialização, bem como as percepções atuais sobre a entomofagia.

Esse relatório revisa pesquisas coletadas em todo o mundo, e destaca que os benefícios do aumento do consumo de insetos têm sido amplamente explorados, mas não as abordagens tecnológicas e de processamento que podem ajudar a alcançar esse objetivo. E, embora os seres humanos tenham comido insetos ao longo da história e aproximadamente dois bilhões de pessoas ao redor do mundo ainda os consumam regularmente, o assunto é relativamente novo principalmente para a parte ocidental do globo.

 

Práticas ancestrais

O comportamento alimentar é moldado principalmente durante a infância. Nos países ocidentais, comer insetos, especialmente em formas reconhecíveis, como em um espetinho de gafanhotos, não é algo comum. Mas, segundo os pesquisadores, alguns grupos de jovens consumidores teriam interesse em novos produtos alimentícios que usam insetos de formas não reconhecíveis, como farinha ou em bebidas energéticas. Desenvolver tecnologias eficientes de processamento em larga escala pode ajudar a introduzir insetos como uma fonte comum de proteínas e nutrientes, reduzindo a pegada de carbono da produção de carne pelo mundo.

No entanto, em alguns países onde os insetos fazem parte de uma tradição culinária, como México, Nigéria e Botsuana, as percepções negativas de insetos alimentares se enraizaram. Nesses países, a população mais jovem está rejeitando insetos como fonte de alimento, associando-a com pobreza e uma mentalidade provinciana. No México, por exemplo, onde os mercados de insetos estão cada vez mais populares entre os turistas, o autoconsumo, a colheita e a agricultura estão diminuindo nas áreas rurais. Apesar da crescente demanda por insetos comestíveis em áreas urbanas, a colheita e a agricultura interna são limitadas porque os agricultores associam insetos a pobreza e não a consideram uma fonte potencial de renda.

Promover insetos como uma fonte proteica ambientalmente sustentável para as gerações mais jovens é um trabalho que começa agora. Outra estratégia bem-sucedida envolve servir insetos como lanches entre as refeições, o que aumentaria a inclusão de insetos nas dietas diárias.

 

Medidas sustentáveis

Em comparação com a produção de carne, a criação de insetos usa quantidades muito menores de terra, água e ração, e é possível cultivá-las em áreas urbanas. A agricultura de insetos também produz muito menos gases de efeito estufa.

Melhorias nas técnicas de cultivo e processamento de insetos comestíveis também poderiam abrir a porta para aumentar o uso de insetos para outros fins, como o uso da proteína quitina, presente no exoesqueleto de insetos, pela indústria farmacêutica. Na verdade, a alimentação é apenas a ponta do iceberg para o potencial sustentável dos insetos. Com o desenvolvimento de tecnologias de extração de refino os insetos se tornam uma opção muito atraente de matéria-prima para diversos setores da economia.

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