Ao avaliar o caráter moral dos outros, as pessoas se apegam a boas impressões, mas prontamente ajustam suas opiniões sobre aqueles que se comportaram mal. Essa flexibilidade em julgar os transgressores pode ajudar a explicar como os humanos perdoam, e por que às vezes permanecemos em relacionamentos ruins.
A pesquisa conduzida por psicólogos de Yale, da Universidade de Oxford, da University College London e da Escola Internacional de Estudos Avançados foi publicada em 17 de setembro de 2018 na revista Nature Human Behavior.
“O cérebro forma impressões sociais de uma forma que permite o perdão”, disse a psicóloga de Yale, Molly Crockett, autora sênior do artigo. “Como as pessoas às vezes se comportam mal por acidente, precisamos atualizar as impressões ruins que se revelam equivocadas. Caso contrário, poderíamos terminar os relacionamentos prematuramente e perder os muitos benefícios da conexão social.”
Em uma série de experimentos, mais de 1.500 sujeitos observaram as escolhas de dois estranhos que enfrentavam um dilema moral: infligir dolorosos choques elétricos em outra pessoa em troca de dinheiro. Enquanto o “bom” estranho se recusava a chocar outra pessoa por dinheiro, o “mau” estranho tendia a maximizar seus lucros apesar das dolorosas conseqüências. Os sujeitos foram questionados sobre suas impressões sobre o caráter moral dos estranhos e como estavam confiantes sobre essas impressões.
Os sujeitos rapidamente formaram impressões estáveis e positivas do bom estranho e estavam altamente confiantes em suas impressões. No entanto, os sujeitos estavam muito menos confiantes de que o estranho era realmente ruim e poderia mudar de ideia rapidamente. Por exemplo, quando o malvado estranho ocasionalmente fazia uma escolha generosa, as impressões dos sujeitos melhoravam imediatamente – até que testemunharam a próxima transgressão do estranho.
A pesquisa também pode, eventualmente, ajudar a lançar luz sobre os transtornos psiquiátricos que envolvem dificuldades sociais, como Transtorno da Personalidade Borderline.