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Uma explicação biológica para a vontade de comer doces

O açúcar é uma substância viciante, mas a doçura em si não é o motivo do nosso desejo por comer doces. Na verdade, existe uma conexão neural entre o açúcar e nosso cérebro, estabelecendo uma relação de retorno e recompensa.

Como outras coisas de sabor doce, o açúcar ativa papilas gustativas específicas em nossa língua. Só que sua ativação não se restringe ao paladar. Essa substância também ativa um caminho neurológico totalmente separado, que começa nos intestinos. De lá, os sinais anunciando a chegada do açúcar viajam para o cérebro, onde nutrem o apetite por mais doces.

Esse caminho entre o intestino e o cérebro responde apenas a moléculas de açúcar, e não a adoçantes artificiais. E, mesmo que sejamos incapazes de sentir o sabor doce, ainda vamos sentir vontade de comer doces, pois essa relação independe da ação do nosso paladar.

Uma pesquisa recente revela a base neural para a preferência por açúcar, e aponta maneiras pelas quais podemos reprimir nosso apetite insaciável por essa substância.

 

Doçura versus açúcar

O termo “açúcar” é um conceito genérico, abrangendo várias substâncias que nosso corpo usa como combustível. Comer açúcar ativa o sistema de recompensa do cérebro, fazendo com que nós nos sintamos bem. No entanto, em um mundo em que o açúcar refinado é abundante, esse apetite pode se tornar viciante. E o consumo excessivo de açúcar está relacionado a vários problemas de saúde, incluindo obesidade e diabetes tipo 2.

O açúcar e os adoçantes artificiais ativam o mesmo sistema de detecção de sabor. Uma vez na boca, essas moléculas ativam os receptores de sabor doce nas papilas gustativas, enviando os sinais que viajam para a parte do cérebro que processa a doçura. Mas o açúcar afeta o comportamento de uma maneira que o adoçante artificial não consegue.

Ao visualizar a atividade cerebral em testes laboratoriais, os pesquisadores identificaram pela primeira vez a região do cérebro que responde apenas ao açúcar: o núcleo caudal do trato solitário (cNST). Encontrado no tronco cerebral, o cNST é um centro de informações sobre o estado do corpo, que não é relacionado às áreas receptoras de sabor do cérebro.

O caminho para o cNST começa no revestimento do intestino. Lá, as moléculas emitem um sinal que viaja por meio do nervo vago, que fornece uma linha direta de informações do intestino ao cérebro.

 

Por que preferimos a glicose?

Esse circuito intestino-cerebral favorece a glicose e ignora adoçantes artificiais. Também ignora alguns outros tipos de açúcar, principalmente a frutose, encontrada nas frutas. A glicose é uma fonte de energia para todos os seres vivos, o que pode  explicar porque a especificidade do sistema para essa molécula.

Anteriormente, os cientistas especulavam que o teor de energia do açúcar explicava seu apelo, já que muitos adoçantes artificiais são praticamente isentos de calorias. No entanto, este estudo mostrou que esse não é o caso, uma vez que moléculas semelhantes a glicose, sem calorias, também podem ativar a via de detecção de açúcar do intestino para o cérebro.

Para entender melhor como a forte preferência do cérebro pelo açúcar se desenvolve, os pesquisadores agora estudam as conexões entre esse circuito intestinal de açúcar no cérebro e outros sistemas cerebrais, como aqueles envolvidos em recompensa, alimentação e emoções. Descobrir esse circuito ajudaria a explicar como o açúcar afeta diretamente nosso cérebro para impulsionar o consumo, e expõe novos alvos e estratégias para ajudar a reduzir nosso apetite insaciável por açúcar.

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