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Vila XP pode inspirar futuro “Vale do Silício paulista”

O CEO da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, conseguiu encontrar uma oportunidade na Covid-19 – como outras que ajudaram a alçar sua corretora de investimentos ao pódio onde se encontra. Já no segundo caso de coronavírus no Brasil, a empresa se arvorou em manter em casa seus 3 mil funcionários – muitos deles até então alojados num prédio de dez andares no bairro paulista de Itaim Bibi. No princípio, foi uma “baita confusão”, como ele mesmo definiu ao participar de uma Live no Instagram com Felipe Moreno, um garoto de 12 anos que se autointitula Kid Investidor. Benchimol não custou a perceber, porém, que a empresa melhorou no novo formato: “Ficou mais organizada, com maior pontualidade.” Sem falar na qualidade de vida para quem trabalha em casa.

Daí nasceu a ideia da Vila XP, em São Roque, cidade a 50 quilômetros da capital paulista, “um espaço superinspirador, no melhor estilo Palo Alto, na Califórnia (próximo ao Vale do Silício), com jardins maravilhosos e sede integrada à natureza”, descreveu Benchimol. Os funcionários, pelo menos por enquanto, continuarão trabalhando em casa. O novo espaço pretende ser um ponto de encontro para treinamentos e trocas de melhores práticas. “Pessoas mais felizes entregam mais resultado, esse é o conceito do projeto”, sintetizou o empresário.

Iniciativa semelhante, embora sem vínculos com a pandemia, é uma espécie de versão brasileira do Vale do Silício – onde o desenvolvimento tecnológico e a qualidade de vida também são pontos de referência – que está em gestação na cidade de São Paulo desde 2018. Trata-se de um novo distrito de tecnologia e inovação, batizado de Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (Citi). Representa a coluna vertebral de uma evolução tecnológica na capital paulista.

 

EXCLUSIVIDADE A INVESTIMENTOS PRIVADOS

O Citi é fruto de uma parceria entre a prefeitura de São Paulo e os governos estadual e federal. Ainda não há previsão para sua inauguração, mas o local das instalações já foi escolhido: a área de 650 mil metros quadrados onde fica hoje a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), considerada o maior entreposto de abastecimento da América do Sul, na Vila Leopoldina, perto da Universidade de São Paulo (USP). Outro aspecto já definido é a exclusividade a investimentos privados.

O governador João Doria descreveu o projeto à mídia quando ainda era prefeito da capital: “Será um exemplo mundial. Servirá de inspiração para outras megalópoles fazerem distritos tecnológicos como esse.” Para isso, o primeiro passo foi dado. Empresas como Facebook, Google, Microsoft e IBM foram convidadas a aderir ao projeto e construir instalações na área.

Apesar do entusiasmo do envolvidos, a proposta ainda é de um investimento a longo prazo, que depende de vários fatores, a começar pela mudança do Ceagesp, inicialmente prevista para este ano, mas até agora sem definição. É preciso antes de tudo transferir a gestão da companhia, atualmente no ministério da Agricultura, para a secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento. Também não há data prevista para isso.

A localização do Citi, ao lado da USP, pode levar à criação de um corredor de investimentos em inovação e tecnologia entrando na Lapa, próximo à Marginal Tietê. “É algo bastante inovador e será uma das principais marcas da cidade”, apostou Gilberto Kassab, quando era ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Certamente, o ex-astronauta Marcos Nobre, atual titular da pasta, assinará embaixo. E os futuros gestores ainda terão o exemplo próximo da Vila XP para se inspirar.

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