O primeiro satélite projetado e operado integralmente pelo Brasil acaba de ser lançado, e com uma missão nobre: monitorar a Amazônia e outros ecossistemas do país. O projeto é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em conjunto com as agências espaciais brasileira e indiana. E é considerado um potencial alento após um ano em que a Floresta Amazônica perdeu 11.088 quilômetros de sua área – o equivalente a nove vezes o tamanho do município do Rio de Janeiro.
Batizado de Amazônia-1, o satélite integra a Missão Amazônia, que prevê o lançamento de mais dois satélites e já consumiu investimentos de R$ 270 milhões. Trata-se do terceiro satélite brasileiro de sensoriamento remoto em operação, ao lado do CBERS-4 e do CBERS-4A, ambos desenvolvidos em parceria com a China.
As dimensões continentais do Brasil, com seus mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados são um desafio para o monitoramento de seu território. Só a costa oceânica tem mais de 7 mil quilômetros quadrados. O país tem biomas diversos, um sistema agrícola diversificado e complexos sistemas hidrológicos, energéticos, geológicos e topográficos.
O Amazônia-1 deverá fornecer informações de monitoramento remoto para dar suporte a ações de fiscalização do desmatamento da Floresta Amazônica. Envolvida nessa tarefa, a Operação de Garantia da Lei e da Ordem foi lançada em agosto pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, ao custo de R$ 60 milhões, e será interrompida em abril. O satélite deverá ajudar a suprir essa falta, além de monitorar a região costeira, reservatórios de água, agricultura e eventuais desastres ambientais.
GERAÇÃO DE IMAGENS A CADA CINCO DIAS
O Amazônia-1 tem seis quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, segundo o site ClimaInfo. É capaz de monitorar faixas de até 850 quilômetros de extensão. Circulando em órbita polar, gera imagens a cada cinco dias, disponibilizando uma grande quantidade de dados sobre um mesmo ponto do planeta.
O satélite deverá facilitar alertas de desmatamento, identificados mesmo que a região afetada esteja coberta de nuvens. Com vida útil de quatro anos, será substituído pelo Amazônia-1 B e, posteriormente, pelo Amazônia-2.
A série Amazônia de satélites terá dois módulos. O de serviço é chamado Plataforma Multimissão (PMM), e o de Carga Útil conterá as câmaras que fornecem as imagens e os equipamentos que gravam e transmitem as imagens e dados. Estes últimos poderão ser disponibilizados a cientistas, órgãos governamentais e curiosos dispostos a compreender a dinâmica terrestre.
De acordo com o site do Inpe, a competência global em engenharia de sistemas e gerenciamento de projetos alça o Brasil a um novo patamar científico e tecnológico para missões espaciais. O Amazônia-1 e a PMM representariam o domínio do ciclo de vida de fabricação de sistemas espaciais para satélites estabilizados em três eixos. Até então, os satélites de sensoriamento remoto eram desenvolvidos com a cooperação de outros países.