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Pesquisas mostram queda de consumo de carne na Europa

Se alguém ainda tem dúvida da popularização das dietas vegana e vegetariana no mundo, não faltam estudos indicando que esta é uma tendência em crescimento, em especial na Europa, onde é acompanhada de queda no consumo de carne. Uma pesquisa constatou que o número de europeus veganos dobrou em quatro anos, passando de 1,3 milhão para 2,6 milhões. A mudança mais significativa nos hábitos alimentares tem sido constatada na Alemanha, onde o consumo de legumes, verduras e proteínas vegetais aumentou 39%.

Encomendada pelo supermercado vegano alemão Veganz, a pesquisa ouviu 2.600 consumidores em sete países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Portugal e Suíça. Os resultados indicaram que quase um quarto da população europeia vem reduzindo ativamente o consumo de carne. Para o Veganz, “ser vegano ou vegetariano já não é um fenômeno de nicho e agora é mais socialmente aceito”.

Especialistas atribuem a redução do consumo de carne a cuidados com a saúde, preocupações ambientais e aumento no preço da carne. Na Alemanha, porém, os produtos de carne têm sofrido uma desvalorização por estarem sendo menos procurados.

Médicos costumam alertar sobre os riscos à saúde representados pelo consumo exagerado de carne. Além disso, a pecuária é considerada um dos responsáveis pelo aquecimento global, não só devido à degradação de terras mas também à emissão de carbono nos gases expelidos pelo gado.

 

FLEXITARIANOS JÁ SERIAM UM QUARTO DA POPULAÇÃO EUROPEIA

Um outro estudo, realizado pela ONG ProVeg International e pelo Smart Protein Project, verificou que o mercado vegano na Europa quase dobrou em dois anos, alcançando um total de 3,6 bilhões em vendas. Na Alemanha, o setor de proteínas vegetais cresceu nada menos que 226%, e as vendas chegaram a 181 milhões de euros.

Outro país europeu que se destaca em consumo de proteínas vegetais é a Áustria. Ali, as vendas desse tipo de produto cresceram 82% em relação aos dois anos anteriores e as vendas de produtos vegetais em geral aumentaram 57%. Na Dinamarca, o aumento na venda de proteínas vegetais foi de 50%.

Já o estudo do Veganz constatou também um aumento do número de flexitarianos – os vegetarianos flexíveis, ou seja, pessoas que priorizam o consumo de alimentos de origem vegetal e vez por outra ingerem carne. Com base nos resultados da pesquisa, foram feitas as seguintes constatações:

  • Os flexitarianos já representam quase um quarto da população europeia (22,9%), movidos por preocupações com saúde e ambientais. Eles são mais numerosos na Áustria (31,8%), na Alemanha (30%) e em Portugal (28,6%).
  • Entre os flexitarianos europeus, 57% disseram que pretendem se tornar vegetarianos e quase 8% que almejam se tornar veganos.
  • Consumidores de carne estão mais dispostos a comer menos carne e consumir proteínas alternativas. “Carnívoros estão se tornando coisa do passado”, disseram os autores da pesquisa.
  • Um quinto dos entrevistados se disse disposto a experimentar carne vegetal.
  • Mais de 73% dos entrevistados (quase três quartos) não se mostraram dispostos a comer proteína de insetos, considerada uma alternativa de consumo sustentável.

Os resultados da pesquisa são reforçados por dados oficiais da Alemanha, segundo os quais os produtos à base de carne sofreram uma desvalorização de 4% em um ano – de 2019 para 2020. Nesse período, o valor de produtos que substituem a carne subiu de 272,8 milhões para 374,9 milhões de euros. E a produção desses alimentos substitutos aumentou de 60.400 para 84 mil toneladas.

Fora da Europa, um país onde vem sendo constatada a tendência a uma alimentação vegana ou vegetariana é a Austrália, embora os australianos sejam conhecidos por sua paixão por carne. Ali, a previsão é de que este ano a produção de carne processada diminua 10%.

Um estudo feito pela empresa de pesquisas IBISWorld mostrou que o consumo de carne na Austrália está no nível mais baixo dos últimos 25 anos. Analista da IBSWorld, Suzy Oo afirmou: “O preço interno da carne teve um aumento anual de 3,1% nos últimos cinco anos, levando mais consumidores a buscar alternativas vegetarianas.”

No ano passado, incêndios florestais devastaram grandes áreas na Austrália e mataram milhares de animais, o que pode ter contribuído para a mudança dos hábitos alimentares no país. Ativistas ambientais acusaram o primeiro-ministro Scott Morrison de não agir diante da mudança climática.

 

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