Na introdução para sua tradução de Tao Te Ching – O livro do caminho e da virtude, de Lao Tse, o mestre Wu Jyn Cherng, da Sociedade Taoísta do Brasil, explica que se trata de “um texto profundo e ao mesmo tempo simples porque apresenta por meio da linguagem aquilo que se experimenta na sua ausência”.
Ele prossegue: “A profundidade é o próprio caminho do mistério, a experiência do sagrado que corresponde à vivência espiritual. A simplicidade, um dos três tesouros dos ensinamentos de Lao Tse, conduz à naturalidade que orienta o indivíduo no macrocosmo. Portanto, a leitura do Tao Te Ching implica um desafio: esvaziar-se e ser natural como a água que flui no vale.”
O R.evolution Club inicia hoje a publicação semanal de cada um dos 81 capítulos em versos que compõem esta que é uma das obras mais importantes da literatura chinesa. Wu Jyn Cherng os traduziu diretamente do chinês para o português. Ele observa que o texto de Lao Tse (1324-1408 a.C, segundo o cânon taoísta) é reverenciado “como escritura sagrada pelos mistérios que revela”, integrando filosofia, ciência e religião à experiência.
Segue-se o capítulo 1:
O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas