A possibilidade não é uma coisa que está lá fora. Não podemos comprá-la. Possibilidades são ideias, coisas que imagino, ou coisas a que me abro para perceber fora de mim. Mesmo que haja uma grande possibilidade acontecendo, se ela não estiver na minha mente, não existe para mim, ou não terá nenhum sentido para mim.

A visão de possibilidade está relacionada não a algo que está fora, mas a nossa maneira de pensar e, especialmente, ao nosso estado de ânimo, a um estado de ânimo que permita perceber. E existem estados de ânimo que são de visão de impossibilidades.

A visão de possibilidade – que envolve mente aberta, criatividade, curiosidade, saída da zona de conforto, funcionamento consciente – foi fundamental para eu construir minha vida até hoje. Esta não é uma visão que se consegue ter cem por cento do tempo, mas para a qual temos uma tendência, e que também pode ser praticada, estimulada.

Mudei minha trajetória profissional e meu estilo profissional várias vezes. Aos 19 anos, trabalhava num banco. Aos 22, era escrevente juramentada e concursada de um cartório de notas. Aos 25, fazia parte da diretoria de uma empresa construtora de porte médio. Aos 28, pedi exoneração da Justiça. Aos 30, abandonei tudo e comecei do zero na psicologia.

Sempre tive um impulso, uma inquietação de ir além de onde estou no momento. Essa inquietação, como tudo, tem dois lados: um positivo e outro nem tanto, porque muitas vezes traz uma insatisfação que precisa ser usada em um movimento, em uma nova ação, para não se estabelecer apenas como insatisfação.

Toda essa trajetória de mudanças me construiu como pessoa e como terapeuta com experiência no processo emocional de pessoas. Na psicologia, passei por várias etapas, agregando diferentes trabalhos, percebendo quando meu trabalho se tornava repetitivo.

Quando encontrei o coaching – e foi em um momento de questionamento sobre meu trabalho –  encontrei esse ensinamento fundamental sobre possibilidade e impossibilidade, criação de futuro e estados de ânimo, temas que vieram de encontro a tudo que eu vivera e ao que eu vinha construindo em meu trabalho.

Meus mestres em coaching foram, e são: Fred Kofman, Fernando Cellis e Elena Espinhal.

Este é um tema apaixonante porque envolve a possibilidade de você criar sua vida, desde que assuma a total responsabilidade de ser o protagonista dela. Envolve temas como saída de zonas de conforto e funcionamento consciente, que estão na base de meu trabalho.

Não temos esse estado de visão de possibilidade o tempo todo porque temos flutuações na mente, registros de padrões mentais que não são de expansão, e sim de contração; que não são de autoconfiança, mas de insegurança. E tudo isso dança ou se manifesta dentro de nós de acordo com as circunstâncias que estamos vivendo.

Não acredito que exista uma única coisa a ser feita, mas acredito em um método, que chamo de MVP – Método para Visão de Possibilidade. Esse método tem quatro tópicos que constituem um caminho estratégico. Vamos a eles:

ENERGIA VITAL

A energia vital deve estar na equação de qualquer estratégia. Sem ela você não levanta da cama, não raciocina direito, não tem motivação. A base para obtê-la são exercício e alimentação.

Hábitos de inércia e de má alimentação tiram nossa energia vital.

Preguiça, pouca força de vontade e pensamento, também. Muitas vezes, você não está conseguindo mudar o pensamento, então interfere nele, interferindo, assim, na energia de seu corpo.

Muitas vezes, acontece um conflito em sua mente. Uma parte da mente está dizendo: não vá. E outra está dizendo: vá. Há um conflito entre duas partes. Resista ao que resiste em você.

DEFINIR O QUE É IMPORTANTE

Defina o que realmente é importante para você, o que tem valor para você nesse momento, nessa fase, nesse capítulo de sua vida.

Examine o que é importante para você no momento. O que é importante está sempre na base da decisão. Por exemplo: o modo como escolheu uma carreira. O que era importante para você naquele momento? Provavelmente, naquele momento você escolheu certo.

O que de fato é importante para nós está no fundo de nossas decisões. Consciente ou inconscientemente.

Quando tomamos consciência do que nos é importante em cada fase de nossa vida, é melhor. Quando não temos consciência, gastamos energia no que não é realmente importante. Quando estamos focando no que não é importante, não abrimos uma visão de possibilidade.

A vida se dá em capítulos. Nesse capítulo que você está vivendo, o que é importante?

Segundo Elena Espinhal, é importante definir: do que você não abre mão em hipótese alguma? Repare que aquilo que é importante para você e aquilo do qual você não abre mão em nenhuma circunstância servem de orientação para sua mente perceber possibilidades.

ESTADO DE ÂNIMO

Nossa visão se altera de acordo com nosso estado de ânimo. Temos, inclusive, hábitos mentais que geram estados de ânimo.

Qual é o estado de ânimo que gera visão de impossibilidade? Temos hábitos mentais e estados de ânimo que nos derrubam. Fecham nossa visão. Quais são eles?

O que você sabe sobre você, pode administrar. O que não sabe, controla você. Identifique e observe seus pensamentos. Você pode interferir neles. Seu cérebro tem plasticidade.

PLANEJAMENTO DIÁRIO

O planejamento diário dá um passo a passo a você. Dá direção, foco e disciplina, trabalhando também os hábitos disfuncionais que impedem uma visão clara.

Uma mente sem direção é uma mente confusa. Uma mente confusa não tem visão de possibilidade. Tenha um passo a passo para trabalhar os hábitos no pensar, no agir.

Muitas vezes, é difícil fazer uma mudança estratégica grande e que envolva muitos aspectos de nossa pessoa. Num dia em que você estiver com a mente mais clara e estável, monte um passo a passo. Você sempre saberá o que pode ser importante no planejamento diário.

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Provavelmente, você não terá como abordar todos os quatro tópicos ao mesmo tempo, mas quando trabalha um deles, interfere em toda a sua dinâmica, porque você é uma rede interligada.

Berenice Kuenerz, psicoterapeuta e coach de life-business e mindfulness.