O QUE VOCÊ PROCURA?

A importância das perguntas

Vamos começar esse ensaio com um singelo experimento. É bem simples e todos estão convidados a tentar. Prontos? Ótimo, vamos lá! Muita atenção para a pergunta que vou fazer:

Pelos próximos cinco segundos, eu quero que você não pense num elefante cor-de-rosa.

Se você está se perguntando por que esse peculiar elefante ainda está materializado na sua mente, continue até o final que eu explico. Espero que até terminarmos ele já tenha te dado uma folga!

Resolvendo problemas

Podemos dizer que, de certa forma, nosso cérebro é uma poderosa máquina de resolver problemas. Nenhuma pergunta fica, por muito tempo, sem resposta. Não importa de onde venha a pergunta, em algum momento uma resposta surgirá. Esse mecanismo funciona igualmente para as perguntas que fazemos a nós mesmos.

Mais do que apenas uma função natural do cérebro, resolver problemas é uma habilidade super valorizada socialmente. Passamos nossas vidas aprendendo a encontrar respostas. Somos premiados por essa capacidade, ao ponto de sermos considerados mais ou menos inteligentes pela qualidade e quantidade das nossas respostas.

Quem nunca se sentiu orgulhoso ao levantar a mão para responder uma pergunta difícil em sala de aula? Por outro lado, muitos de nós pensaria duas vezes antes de fazer uma pergunta que pudesse ser considerada tola. É aqui que mora o problema, o que veremos mais adiante.

Foco e energia

Colocando em outras palavras, as perguntas que nos fazemos ou que nos são feitas direcionam nosso foco de atenção. Essa habilidade de focar no “problema” é biologicamente necessária e altamente eficiente, já que nosso cérebro, embora corresponda a apenas 2% do peso corporal, consome cerca de 20% de toda nossa energia.

Mais do que economizar energia, focar na solução de problemas é um dos traços evolutivos mais importantes dos seres humanos. Provavelmente não estaríamos aqui hoje se nossos primos ancestrais precisassem divagar por horas a fio antes de resolver um problema iminente de, por exemplo, um ataque de leões.

Foco e realidade

Outra artimanha utilizada pelo cérebro para economizar energia e ganhar eficiência é a de “escolher” a parcela da realidade necessária para responder a pergunta que lhe foi posta. Recebemos uma infinidade de informações pelos nossos sentidos, mas nosso cérebro escolhe processar aquelas necessárias para responder a pergunta que lhe foi feita inicialmente.

Nas palavras de Tal Ben-Shahar, phD em Psicologia Positiva pela Universidade de Harvard, “perguntas definem nosso foco e criam nossa realidade”.

A habilidade de formular as perguntas certas deveria ser, portanto, muito mais premiada do que a de saber as respostas, já que são as perguntas que criam nossa realidade e, assim, nossa vida.

Congruência

Se passarmos o verão todo tentando descobrir de quem foi a infeliz ideia de inventar o horário de verão, é muito provável que encontremos centenas de respostas todos os dias que nos deixem ainda mais convencidos de que a ideia não foi assim tão genial. Se diariamente nos perguntamos o que anda mau nos nossos relacionamentos, certamente encontraremos dezenas de respostas também.

Nosso cérebro não consegue conceber uma vida que não seja congruente com suas crenças e valores. Isso faz com que busquemos incessantemente validar nossas crenças no “mundo real”. Provavelmente, neste mesmo mundo, outras milhares de pessoas passaram meses na expectativa do maravilhoso horário de verão, e, todos os dias, aproveitam as maravilhas dessa época.

Não se trata de desprezar o que vai mau nos relacionamentos, mas de se perguntar também o que vai bem, a fim de ampliar nosso foco também para o positivo e construir sobre essas novas descobertas. Ao invés de validar repetidamente o negativo, o objetivo em refazer as perguntas é construir, criar, também sobre o positivo.

Leon Festinger, professor da New School for Social Research de Nova York, idealizou em 1957 a teoria da Congruência e da Dissonância Cognitiva. Segundo suas descobertas, nossa experiência da realidade está diretamente condicionada a nossas crenças sobre o mundo. Perceberemos uma realidade invariavelmente negativa se nossa crença sobre essa mesma realidade for negativa e vice-versa.

Ao invés de tentar descobrir por que as coisas vão mau, minha sugestão é que você comece a procurar, também, o que vai bem. Mude suas perguntas, defina um foco mais congruente com seus sonhos e desejos e crie uma nova realidade.

Do coração, espero que o elefante cor-de-rosa já tenha te deixado em paz a essa altura!

 

Por Henrique Bueno

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