No dia a dia turbulento, acabamos nos acomodando em um estilo de vida automático, em que vemos as mesmas pessoas, fazemos quase sempre as mesmas coisas e deixamos de apreciar o presente.
A partir da Revolução Industrial, que se iniciou em meados do século 18, a sociedade começou a se acostumar com a superprodução e houve um afastamento do trabalho manual mais demorado e intencional. Com isso, o distanciamento das pessoas em relação à natureza começou a se intensificar. O homem se viu mais à parte do meio ambiente, e não como fração dele.
A lógica e mão na massa sendo representadas em nós pela energia masculina yang, em distorção, rompe com os princípios de receptividade e fluxo. A partir disso, vemos o homem destruindo parte de si mesmo em nome de uma lógica isolada ao coração e ao amor, gerando grande atrito no equilíbrio da vida.
“Existe um desastre cognitivo na sociedade ocidental, que ocorreu principalmente na Europa, do divórcio entre a chamada mente racional, onde reside o intelecto, e a cognição ampla, intuitiva, holística, integrativa”, disse Ailton Krenak no VI Seminário Internacional ARTE!Brasileiros.
“Quando a gente rompe os fluxos da Terra, a gente a prejudica, porque ela é um todo, tem uma consciência própria e a gente não pode recortá-la como um mosaico, como estamos fazendo. Há centenas de anos nossos pajés alertam para cuidar da natureza, nós somos natureza”, afirmou o líder indígena, enfatizando a importância, além de tudo, da preservação do nosso planeta.
Em níveis espirituais, creio que a desconexão com a natureza que somos também se relaciona à velocidade com que levamos a vida e à maneira como reprimimos a energia yin dentro de nós mesmos, priorizando pouco a intuição, o coração e o fluxo da vida como um todo.
Quando nos colocamos em atrito com quem somos internamente, o exterior se torna apenas um reflexo disso, o que é possível ver de forma drástica e clara no mundo em que vivemos hoje. Dessa forma, nos afastamos do outro também, afinal, o outro é uma projeção que fazemos dele. Então, Krenak acrescenta “…acham que a educação é uma coisa que você vai fazer com a cabeça do outro, não com o coração. Se não mudarmos o coração das pessoas, suas cabeças não vão a lugar algum.”
Então eu lhe pergunto: você sente que, de certa forma, nega ou repulsa sua voz interior? Em quais aspectos de sua vida você percebe mais evidentemente essa ruptura?
Sophia M.A.C., criadora de conteúdo e podcaster.