Mais um pouco e poderemos nos sentir livres novamente. Mas não mais “eu na minha liberdade” e “você na sua”, como se as duas não se encontrassem em nenhum momento. Como se a vida estivesse ali apenas para nos servir e os outros que se virem com suas liberdades.
Estaremos livres, sim. Pelo menos alguns de nós. Mas será uma liberdade diferente da que estávamos acostumados, pois a antiga liberdade era uma ilusão; uma versão individualista, egoísta e arrogante que o ser humano se acostumou a viver e cultuar.
A nova e verdadeira liberdade será um presente sagrado para aqueles que se permitirem senti-la, pois será portadora do verdadeiro respeito e empatia, como bases fortes contra os efeitos dessa atual realidade em que vivemos.
Saberemos que nossas vidas se encontram, sim, estejamos perto ou longe. E que cada ato realizado reverbera na minha e na sua liberdade. Saberemos reconhecer a linda cerca de flores que delimita a minha liberdade da sua, para que não se torne uma invasão, nem um “mero” desrespeito. Saberemos acolher o próximo e a nós mesmos nessa liberdade com o mesmo carinho e respeito. Pois liberdade, quando bem embasada, também vem com respeito, cooperação e afeto.
Estávamos tão cegos de individualismo e arrogância que não conseguíamos, ou não queríamos, enxergar as vidas que magoávamos pelo caminho.
Precisamos de um vírus para nos abrir os olhos, de perder nossa “tal liberdade”, de presenciarmos fins forçados de vidas humanas e mortes emocionais, para entendermos que tudo estava errado.
Mas ainda estamos aqui e podemos fazer com que tudo seja diferente e que, dessa vez, a vida e a liberdade sejam respeitadas em seus valores, tanto individuais quanto coletivos. Uma nova estrutura de sociedade está tentando nascer, mas ela precisa da nossa ajuda. Afinal, estamos todos conectados e fazemos parte de uma grande família chamada humanidade.
Com carinho.
Renata Salles, psicóloga transdisciplinar e biopsicóloga.