Competência, discernimento e delicadeza estão entre os atributos de Isabela Bussade, dona de um currículo impecável. Com mestrado em endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em ciências da saúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ela é professora de pós-graduação em clínica médica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e tem uma constelação de clientes. Na próxima segunda-feira, dia 13, Isabela abrirá a I Jornada de Transformação R.evolution Club com uma palestra em que discorrerá sobre hormônios, estresse e qualidade de vida.

Isabela adianta aqui alguns temas que abordará na palestra. Segundo ela, a sociedade está mais bem informada, “porém menos capaz de pôr em prática as informações que recebe sobre os melhores hábitos de vida”. A endocrinologista atribui essa dificuldade à velocidade da vida atual e ao aparato tecnológico que invadiu o planeta. “Por mais informações que cheguem às pessoas, muitas não conseguem pôr em prática o que aprendem, seja por causa da sobrecarga de trabalho ou da hiperconectividade”, analisa.

• Impactos da pandemia: “As doenças diagnosticadas e tratadas em seus padrões mais ou menos agudos e as complicações de médio e longo prazos trouxeram impactos importantes, não só em quem adoeceu como em seus familiares. Na saúde mental talvez esse impacto tenha sido ainda maior. A Sociedade Brasileira de Psiquiatria mostrou aumento nos transtornos emocionais, depressivos, de ansiedade, fóbicos, de estresse pós-traumático e insônia.”
• Doenças mais comuns nas últimas décadas: “São as doenças crônicas e cardiometabólicas, associadas ao estilo de vida. Elas começam pelo ganho de peso e obesidade. Levam a um maior risco de diabetes, doenças arteriais, cerebrovasculares e hipertensão. Também cresceram os transtornos mentais. No ano passado, um importante estudo nos Estados Unidos mostrou que, pela primeira vez, houve queda na expectativa de vida da população americana, por conta de pior qualidade dos hábitos, uso abusivo de drogas, alcoolismo e doenças crônico-degenerativas.”
• Estilo de vida e saúde: “Estilo de vida é fundamental na fisiopatologia e na origem das doenças. Podemos começar pelo sono. Pessoas que têm privação crônica de sono sofrem mais risco de Alzheimer, de transtornos de humor, de maior consumo alimentar por aumento da fome, obesidade, hipertensão arterial e doenças coronarianas crônicas. Já o excesso de álcool induz à infertilidade nas mulheres e, nos homens, ao ganho de peso. É associado à produção de cortisol e aumenta a incidência de doenças hepáticas. O cigarro, por sua vez, aumenta o risco de uma série de tumores e se associa à menopausa antecipada, entre outros problemas.”
• Estresse e qualidade de vida: “O estresse é uma resposta fisiológica do organismo ao se deparar com algo que não lhe é familiar. Para a evolução humana, ele é importante para preparar o ser humano para situações adversas. Hoje, porém, vemos não o estresse agudo, benéfico e protetor, mas a exposição crônica a eventos estressantes, físicos ou mentais. É este que traz danos à saúde, além de uma série de doenças. Ao ativar o eixo corticotrófico, o cortisol e a adrenalina são liberados. A ativação crônica desse eixo traz várias situações negativas à saúde.”
• Pilares de uma vida saudável: “São eles a boa saúde física, sono, alimentação e prática regular de atividades físicas. Isso inclui ainda o controle do abuso de álcool. Na alimentação, convém respeitar a fisiologia da fome, fazer as três refeições diárias, evitar beliscos e priorizar alimentos in natura, em detrimento dos processados. Já o exercício é fundamental para a saúde física e mental. Libera o hormônio irisina, que estimula áreas cerebrais, melhora a atividade celular e previne Alzheimer. Aumenta ainda a secreção de serotonina, neuro-hormônio essencial aos processos biológicos e psíquicos humanos.”