A ideia de preencher uma lacuna na formação de líderes em tecnologia no país nasceu há dois anos, quando integrantes do banco de investimentos BTG Pactual viajaram aos Estados Unidos para conhecer o que havia por lá no setor. Com a doação de R$ 200 milhões da família Esteves, o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli) está se tornando uma realidade. As aulas deverão ter início em fevereiro de 2022.
O projeto ficou mais claro depois que os sócios do BTG Pactual conheceram o Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) e a Universidade de Stanford – duas referências mundiais em tecnologia, criadas no século 19 também por iniciativas individuais.
O Inteli pretende ser uma instituição privada, sem fins lucrativos, de caráter apartidário, num campus horizontal de 9 mil metros quadrados, em São Paulo. A instalação nesse local ainda depende da assinatura de um acordo.
“Vamos oferecer um ensino que vai além da computação, integrando ao currículo disciplinas como empreendedorismo, economia de mercado, estado de direito e sustentabilidade”, explicou o sócio sênior, André Esteves, à revista Exame, pertencente ao BTG Pactual. “Será a primeira faculdade de tecnologia baseada em projetos do Brasil.”
MULHERES OCUPARÃO DOIS CARGOS IMPORTANTES
Conforme o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, a formação no instituto levará quatro anos, com cursos divididos em 16 módulos. As primeiras graduações presenciais deverão ser em engenharia da computação, engenharia de software, ciência da computação e sistemas de informação.
Entre os alunos deverá haver bolsistas. Para isso, será necessária a arrecadação de recursos extras. A meta dos organizadores é chegar a 2025 com mil alunos matriculados. Para o primeiro ano, a previsão é de 250 vagas.
Sallouti planeja que o Inteli se sustente por seus próprios meios no médio prazo. Além das mensalidades pagas pelos alunos, são previstas doações por empresas e pessoas físicas que já manifestaram interesse neste sentido.
Dois dos principais cargos do instituto serão ocupados por mulheres. A CEO escolhida é Maíra Habimorad, diretora acadêmica e de inovação do Ibmec e ex-CEO da Cia de Talentos. Já Ana Garcia será a head de operações. Ela é cofundadora da Brasa, uma associação de estudantes brasileiros no exterior.
“Buscamos desenvolver um modelo acadêmico que ao mesmo tempo tivesse a densidade que existe nas faculdades de ponta e que trouxesse um olhar para a formação mais holística da liderança. Vamos ensinar competências através de projetos”, explicou Maíra à Exame.
SUCESSO ATESTADO EM PROJETO PILOTO
No ano passado, o Inteli desenvolveu um projeto piloto com dez semanas de duração para 25 alunos de outras instituições e sete professores. Os resultados foram considerados excelentes. Pelo menos 60% dos alunos conseguiram empregos melhores depois de concluírem o curso. O Net Promoter Score (NPS), uma métrica usada para aferir resultados, atribuiu 91,3 pontos à experiência educacional. A ideia é repetir a iniciativa este ano, para aperfeiçoamento do modelo.
Os organizadores estão na fase de tirar os planos do papel. Maíra considerou que o maior desafio educacional será a formação de professores adequados ao modelo planejado. No caso do Inteli, os professores que darão aulas em 2022 estão sendo escolhidos agora e serão treinados durante o segundo semestre.
Sallouti analisou: “Depois do primeiro desafio de saber se o sonho é viável e se a conta fecha, vem o desafio de como construir algo que tenha a credibilidade que nós queremos e como desenvolver um plano acadêmico. Como atrair excelentes professores? E um conselho que ajude a desenvolver o projeto e a dar credibilidade.”