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Dieta vegetariana é receita para salvar mundo natural

O sistema global de alimentos é o maior responsável pela destruição do mundo natural, e uma das maneiras cruciais de conter seu efeito devastador é a adoção de dietas predominantemente vegetarianas. A conclusão é de um estudo realizado pela Chatham House, organização independente dedicada a analisar conhecimentos e buscar mudanças positivas para o mundo, com sede em Londres. A pesquisa teve apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Segundo o estudo, divulgado pelo jornal britânico The Guardian, a agricultura representa uma ameaça a 86% das 28 mil espécies de animais identificadas como em risco de extinção. Sem uma mudança no sistema agrícola, a perda de biodiversidade seria cada vez mais rápida, ameaçando a capacidade do mundo de sustentar a humanidade.

A pesquisa identifica como causa desse perigo um círculo vicioso dos alimentos baratos: custos baixos levam a uma procura maior por comida e a mais desperdício, o que causa uma maior concorrência, reduzindo ainda mais os custos por meio de exploração de terras virgens e uso de fertilizantes e pesticidas poluidores.

Três soluções são apontadas pelo estudo. A primeira delas é adotar dietas vegetarianas, uma vez que o gado e outros animais de criação responderiam pelo maior impacto sobre o meio ambiente. Mais de 80% das terras produtivas são usados para a criação de animais, que fornecem apenas 18% das calorias consumidas.

Uma reversão da tendência a comer carne reduziria a pressão para explorar novas terras e prejudicar mais a vida natural. E também liberaria terras já exploradas para a segunda solução apontada: restaurar ecossistemas naturais e aumentar a biodiversidade.

 

MEDIDAS COMBATERIAM MUDANÇA CLIMÁTICA

A disponibilidade de terras leva à terceira solução indicada: adotar uma agricultura menos intensiva e menos nociva, em que produtores aceitariam rendimentos menores. O lucro obtido com produtos orgânicos corresponde, em média, a 75% do lucro obtido com a agricultura intensiva convencional.

Consertar o sistema de alimentação global permitiria também conter a crise climática, diz o estudo. Esse sistema seria responsável por cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa, sendo que mais da metade desses danos estariam relacionados à pecuária. Uma mudança na produção de alimentos também reduziria o índice de doenças que atingem 3 bilhões de pessoas. Essas doenças são relacionadas à falta de comida ou a sobrepeso e obesidade, e custam trilhões de dólares por ano aos sistemas de assistência médica.

“Os políticos ainda estão dizendo ‘meu trabalho é produzir comida mais barata para vocês’, não importa o quanto isso seja tóxico de uma perspectiva planetária e de saúde humana”, disse ao Guardian o professor Tim Benton, da Chatham House. “Devemos parar de argumentar que temos que subsidiar o sistema de alimentos em nome dos pobres e, em vez disso, lidar com os pobres tirando-os da pobreza.”

Para Susan Gardner, diretora da divisão de ecossistemas do Pnuma, o atual sistema de alimentos é uma faca de dois gumes: fornece comida barata mas não leva em conta os custos para a saúde e o mundo natural. “Reformar a maneira como produzimos e consumimos alimentos é uma prioridade urgente”, afirmou.

O estudo da Chatham House afirma que, desde 1970, o mundo perdeu metade de seus ecossistemas naturais e a população de animais selvagens diminuiu 68%. Enquanto isso, os animais de criação – principalmente gado e suínos – representam 60% de todos os mamíferos existentes, em termos de peso.

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