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Mais vozes e ideias negras por trás das telas

Para que as telas de cinema e TV possam retratar melhor as realidades sociais do Brasil, o estúdio VIA Américas – divisão da ViacomCBS International Studios – reuniu uma equipe de roteiristas formada exclusivamente por brasileiros afrodescendentes. Batizado de Narrativas Negras, o grupo tem a missão de criar histórias para programas, filmes e séries calcadas na diversidade – e para um estúdio que produz conteúdos para marcas de peso, como Comedy Central, Nickelodean e Paramount.

“Durante muito tempo, o negro no Brasil foi objeto de novelas, de filmes. Agora, começará a ser sujeito”, disse Marton Olympio, que chefia a equipe de cinco roteiristas, em depoimento ao El País.

Nos próximos seis meses, os cinco roteiristas deverão elaborar quatro histórias que se transformarão em novas produções. Segundo Federico Cuervo, diretor do VIS Américas, os conteúdos poderão ser exibidos também fora da América Latina, dando voz “por trás das câmeras e diante delas aos afrodescendentes brasileiros”.

O time do Narrativas Negras é formado por profissionais com experiências diferentes. Além de Olympio, inclui a escritora Eliana Alves Cruz, o quadrinista Estêvão Ribeiro, a atriz de teatro Lidiane Oliveira e a roteirista Renata Diniz. “Somos roteiristas negros, mas somos muito diversos”, disse Lidiane ao TelePadi. Como moram em cidades diferentes, e também por causa das medidas de proteção impostas pela pandemia, eles estão se reunindo via tela.

 

ROMPER ESQUEMAS E FUGIR DE ESTEREÓTIPOS

As ideias da nova equipe de roteiristas “podem acabar sendo uma comédia romântica, um filme de ação, um de terror”, disse Cuervo. Ele acrescentou: “Precisamos ampliar os registros. Existe um mercado ansioso para ver negros se amando, rindo em comédias.”

Já Olympio afirmou que existe uma diversidade também dentro das narrativas negras. Assim como nem todos os brancos são iguais e veem o mundo da mesma forma, as vozes e anseios dos negros também são diferentes, explicou. O objetivo dos roteiristas é romper esquemas e fugir de estereótipos.

Em novembro do ano passado, a ViacomCBS informou que destinará 25% de seu orçamento na América Latina à criação de conteúdos que aumentem a diversidade e a equidade racial, cultural e de gênero. Para Cuervo, isso significa “potencializar a diversidade, a equidade e a inclusão”.

O diretor afirmou que o VIS Américas já trabalhava com roteiristas negros e já oferecia produtos marcados pela diversidade social. Citou como exemplo produções que deram visibilidade a transexuais na Argentina e indígenas no México. Agora, porém, disse ele, “existe uma estratégia clara frente ao que antes eram arroubos esporádicos e individuais”.

Diretora do VIS Brasil, Tereza Gonzales disse ao TelePadi: “É uma questão de interesse não só do expectador, mas um interesse cultural e isso é mundial. Tem que pensar que a Viacom também tem streaming, a gente conversa com o público internacional e o Brasil está bem atrasado nisso. É uma tentativa de atender a anseios.”

O currículo do VIS Américas inclui conteúdos para a Porta dos Fundos e a Telefe, uma das maiores emissoras de TV argentinas.

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