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Mulheres na liderança do combate ao coronavírus

As mulheres têm sido heroínas no combate ao coronavírus. Representam uma maioria maciça – 70 por cento – nas equipes de profissionais de saúde do mundo inteiro, muitas delas enfermeiras. Mas este não é o único motivo. Entre os países mais bem-sucedidos no controle da pandemia, nada menos que sete são liderados por mulheres: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Nova Zelândia e Taiwan, que tem um governo independente embora a China considere uma província sua.

Deve-se levar em conta que estes são países com nível de desenvolvimento alto e quase todos com populações pequenas. Mas é preciso reconhecer também que eles adotaram precocemente medidas rígidas de isolamento e rastreamento da doença, ou seja, suas governantes mostraram competência num mundo onde as mulheres ainda representam uma pequena parcela dos chefes de Estado eleitos – dez entre 153, segundo dados de 2018. Além disso, são nações que mostraram resultados superiores aos de outros países desenvolvidos liderados por homens, como França, Reino Unido, Itália e Espanha.

“Agir com firmeza e agir cedo”

A Alemanha de Angela Merkel foi capaz de criar o maior esquema de isolamento, testes e rastreamento de coronavírus da Europa. Com 83 milhões de habitantes, o país registrou cerca de 8.800 mortes por Covid-19. Na Islândia, de apenas 360 mil habitantes, a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir investiu cedo em medidas como testes para o vírus e proibição de reuniões com mais de vinte pessoas. Em Taiwan, a presidente Tsai Ing-wen criou um centro para controle de epidemias.

Com sua liderança destacada nos quatro cantos do mundo, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou já no fim de abril a eliminação das contaminações comunitárias pelo vírus. No país de 5 milhões de habitantes, o isolamento durou 75 dias e 22 pessoas morreram. A receita, ensinou Ardern, foi “agir com firmeza e agir cedo”. A premier restringiu fortemente a movimentação, fechou fronteiras e fez testes maciços. Medidas semelhantes foram adotadas pela premier da Dinamarca, Mette Frederiksen.

 

Lições valiosas para o futuro

Feministas consideraram que as mulheres tendem a se mostrar sensíveis a vulnerabilidades quando assumem cargos de liderança. Seriam também mais empáticas e colaborativas. Em coluna no New York Times, a ex-advogada de direitos humanos Amanda Taub alertou, porém: “Deveríamos resistir a tirar conclusões sobre líderes mulheres a partir de alguns indivíduos excepcionais agindo em circunstâncias excepcionais. Mas especialistas dizem que o sucesso das mulheres pode ainda assim oferecer lições valiosas sobre o que pode ajudar países a vencer não apenas esta crise, mas outras no futuro.”

Mais incisiva foi a leitora do Times Monique VanLandingham. Ao comentar a coluna de Taub, em carta ao jornal, ela se disse decepcionada ao ver a liderança feminina caracterizada como cautelosa e avessa a riscos, em contraste com a agressividade e determinação demonstrada pelos homens. “Temos que parar de estereotipar a liderança das mulheres como passiva e hesitante”, escreveu ela, acrescentando que a liderança de “homens como Boris Johnson, Donald Trump e Jair Bolsonaro” é que foi “passiva, fraca e ausente”.

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