A consciência pura existe além da criação. Segundo a lei cósmica da manifestação e do ser, estudada no Kundalini Yoga, a origem e semente de tudo que experimentamos é não manifesta e sutil.
Primeiro era só consciência, depois vibração. Então surgiram os estágios graduais que vão da Unidade à Separação. Em cada estágio existe um pouco menos de Unidade e um pouco mais de Separação. Esses processos são chamados pelos iogues de Tattvas.
Existem cerca de 31 estágios que vão da unidade completa até a divisão pura do átomo. Os cinco últimos Tattvas, mais densos, são o que experimentamos como qualidades do corpo e em todas as matérias. São eles: terra, água, fogo, ar e éter.
Esses cinco elementos são do que nós somos feitos. Nós e toda matéria manifesta. E cada elemento tem uma projeção comportamental. São elas: terra/ganância, água/luxúria, fogo/ira, ar/apego, éter/ego ou orgulho.
E porque eu estou falando tudo isso? Se nós somos feitos de lama, como podemos nos livrar da lama? Se somos feitos dos cinco elementos, como podemos nos livrar deles? Ninguém pode se livrar dos cinco elementos dos quais somos compostos. Eles fazem parte de nós. Também não temos como afastar as projeções que eles acompanham.
Se engana quem acha que precisamos nos afastar dos sentimentos que julgamos como “negativos”. Você quer se livrar da raiva? Impossível, ela é uma projeção do fogo, e faz parte de você. Você quer se afastar do apego? Como isso é possível se ele é uma projeção do ar que se encontra em cada uma das suas células? Não podemos nos separar das qualidades e dos sentidos de que somos feitos. O que podemos fazer é canalizar essas forças para objetivos positivos.
A raiva é uma força poderosa, que vem do fogo que atua no nosso terceiro chakra, assim como a vergonha, a desesperança. Todas essas “sombras” que fazem parte de nós podem ser canalizadas para o positivo. Podemos usar essa força para a criatividade, para o poder pessoal, para a autoestima e para a nossa expressão no mundo.
Vivemos num universo de terceira dimensão, onde tudo é manifesto, físico e denso. A vida aqui é cíclica, impermanente e dual. Não podemos lutar contra isso. Não dá para resistir à polaridade do mundo, aos nossos ciclos, às nossas fases. Não dá para querer escolher viver só o que julgamos bom, porque não existe bom ou ruim.
Existe uma lei da expansão e contração. Se expandiu, pode esperar que vai contrair. E o oposto também é verdadeiro. Não existe linha reta, existe uma espiral. Altos e baixos, contração e expansão, polaridades.
Mas, e o tal caminho do meio? E o equilíbrio? Não é neles que a vida se torna plena, fácil e cheia de milagres?
O caminho do meio é aceitar que a vida é impermanente e deixar de resistir ao que chega para você. É entender que não temos controle de nada. É aprender a surfar a onda que vier.
O mar está agitado e cheio de ondas? Aproveite para surfar, sentir a emoção da descida, o vento no rosto, a adrenalina do momento. O mar está calmo e tranquilo demais? Deite na sua prancha e relaxe. Aproveite para descansar e se recuperar, porque logo, logo a maré irá mudar e você precisará estar pronto para pegar mais uma onda da vida.
É assim que é. A vida é dança, movimento, e o equilíbrio é saber dançar a música que chegar.
Então, não importa por qual momento da vida você está passando, acolha esse momento, sinta ele, viva plenamente e da melhor maneira possível, porque muito em breve ele vai passar.
Camila Moura (@camihmoura), professora de Kundalini Yoga, consultora de imagem, estudiosa de espiritualidade e cofundadora de @ressignificandoabeleza.