Um grupo de pesquisadores divulgou um relatório no qual afirma que a saúde dos oceanos está intrinsicamente ligada à saúde humana. Consequentemente, reparar os danos que causamos aos mares do mundo inteiro é uma maneira de beneficiar a nossa saúde.
Publicado na American Journal of Public Health e divulgado no site Medical News Today, o estudo sustenta que a recuperação dos oceanos deve ser uma prioridade não só de cientistas, mas também da comunidade médica e das pessoas em geral.
Os oceanos cobrem 71% da superfície terrestre e têm sido afetados por ações humanas. Os danos incluem poluição marinha, acidificação das águas, pesca excessiva e elevação do nível do mar.
Os autores do estudo lembraram que a ONU declarou a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, de 2021 a 2030, e disseram que este é o momento ideal para humanidade repensar sua relação com os oceanos.
AÇÃO CONJUNTA PARA MELHORAR A SAÚDE PÚBLICA
“Trabalhando com comunidades, estrategistas políticos, empresas e outros grupos de interesse, impulsionamos a descoberta de maneiras fortes, eficientes e novas de fomentar uma mudança na saúde pública”, disse a professora Sheila Heimans, membro do Conselho Marinho Europeu e coautora do estudo.
Segundo os pesquisadores, a cada ano, mais de 250 milhões de casos de doenças respiratórias e gastroenterite são associados ao banho em águas poluídas. Além disso, no mundo inteiro, comunidades costeiras têm sua sobrevivência ameaçada por poluentes que prejudicam a pesca e restringem o acesso a alimentos.
Os cientistas observaram que peixes e frutos do mar são uma fonte importante de ácidos graxos ômega-3 e que extratos de organismos marinhos têm papel fundamental em tratamentos médicos.
Eles identificaram três áreas que exigem atenção: pescados sustentáveis para pessoas saudáveis; biodiversidade, biotecnologia e medicina; e localidades costeiras, turismo e bem-estar.
ATITUDES INDIVIDUAIS PODEM FAZER DIFERENÇA
Entre as medidas necessárias, os pesquisadores destacaram substituir plásticos por produtos marinhos naturais, usar energia marinha renovável em vez de combustíveis fósseis, assegurar a recuperação de áreas de pesca e restaurar a biodiversidade promovendo a proteção de áreas marinhas.
“O fornecimento de soluções práticas pode fortalecer ações sustentáveis, em especial quando apoiadas por políticas nacionais e internacionais em níveis mais elevados”, disse Lora Fleming, professora da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e principal autora do estudo.
Sua colega Heymans sustentou que ações individuais também podem fazer diferença, tais como reduzir o consumo de plástico e reciclar mais; limpar ruas locais e evitar que chuvas carreguem plástico para o mar; e reduzir a acidificação das águas marinhas usando transporte público e evitando comer carne, o que contribui para reduzir a emissão de carbono.
Também autor do estudo, Sam Dupont, disse que reduzir a emissão de carbono é crucial para impedir danos aos mares. “Para os oceanos, assim como para a nossa saúde, a prevenção é sempre melhor que o tratamento”, disse ele. “Os impactos da mudança climática e da acidificação dos oceanos são cada vez mais importantes e, como sociedade, devemos agir para reduzir as emissões de CO2 de modo a evitar mais pressões no futuro próximo.”
Dupont acrescentou: “Isso significa adaptar o modo como vivemos, consumimos, comemos, mas também votamos. Precisamos ser a mudança mas também aceitar as mudanças por vir.”