O QUE VOCÊ PROCURA?

Estudo indica a melhor forma de abraçar

Em tempos de pandemia, abraçar não é exatamente algo recomendável. Mas podemos pelo menos sonhar com o dia em que voltaremos a praticar com tranquilidade esse hábito tão comum na cultura ocidental. É aí que a ciência pode nos ajudar: um grupo de pesquisadores se dispôs a descobrir qual é a melhor forma de abraçar. O que torna um abraço melhor do que outro?

O abraço é um sinal de proximidade emocional, e sabe-se que ele melhora a nossa saúde mental e física. Mas onde é melhor pôr os braços? Quanto tempo deve durar? O ideal seria que a primeira fase desse estudo em duas partes incluísse homens e mulheres, mas a pandemia começou antes que sua autora – a psicóloga Anna Düren, da Universidade de Londres – pudesse aprofundá-lo.

De qualquer modo, Düren reuniu dados suficientes para chegar a algumas conclusões, relatadas na revista acadêmica Acta Psychologica. Na primeira etapa, sua equipe recrutou 45 estudantes universitárias e vendou seus olhos, uma de cada vez. Em seguida, uma pesquisadora entrou na sala e abraçou a participante voluntária durante um segundo, cinco segundos ou dez segundos.

Cada abraço nesses três tempos foi dado de duas maneiras, de modo que cada voluntária recebeu seis abraços. Teve o abraço estilo “cruzado”, em que a pesquisadora pôs um braço sobre o ombro da participante e o outro braço por baixo do braço dela; e teve o abraço estilo “pescoço-cintura”, em que a pesquisadora pôs os dois braços abaixo dos braços da participante.

 

ABRAÇOS DE CINCO A DEZ SEGUNDOS FORAM MAIS APRECIADOS

O objetivo da experiência foi comparar a duração e o estilo do abraço da forma mais cientificamente controlada possível. As voluntárias classificaram os abraços mais breves como menos prazerosos. Numa escala de prazer de 1 a 100, os abraços de um segundo receberam menos de 50 pontos e os de cinco ou dez segundos tiveram quase 70 pontos, sem qualquer diferença significativa entre essas duas durações mais longas. E em qualquer uma dessas três durações o estilo fez pouca diferença.

Se dez segundos podem parecer um tempo desconfortavelmente longo para um abraço, a equipe de Düren teve a mesma impressão, surpreendendo-se com o resultado. A autora do estudo especulou que as voluntárias podem ter se acostumado a receber abraços de uma estranha durante a experiência.

Estudiosa dos efeitos de abraços sobre o corpo e a mente, a biopsicóloga Julian Packheiser, da Ruhr-University Bochum, na Alemanha, comentou – sem ter participado da pesquisa – que gostaria de saber como as voluntárias reagiriam a um abraço com mais de dez segundos de duração, situação que o estudo não incluiu.

A pesquisa também não abordou a pressão do abraço. Até que ponto se deve apertar uma pessoa ao abraçá-la? Packheiser disse suspeitar de que, nesse caso, a intimidade é um aspecto importante. “Se é uma coisa romântica, [a pressão] pode ser bem maior do que numa coisa casual”, disse ela.

 

OBSERVAÇÃO MOSTROU PREFERÊNCIA POR ESTILO CRUZADO

Na segunda fase do estudo, os pesquisadores entrevistaram cem pares de estudantes dos dois sexos depois de observá-los enquanto se socializavam em público. A equipe colheu dados como gênero, altura e grau de proximidade emocional entre eles.

Sem interferir nesses abraços, os pesquisadores constataram que o estilo cruzado era mais comum, representando 66 dos cem abraços registrados. Essa prevalência foi observada principalmente em pares de homens: 82% dos 28 pares masculinos observados optaram por esse estilo.

A proximidade emocional e a altura desses homens não tiveram efeitos significativos sobre o estilo de abraçar, mas a suposição dos pesquisadores foi de que diferenças mais acentuadas na altura podem favorecer o abraço pescoço-cintura.

Düren comentou que estudos anteriores indicaram que as pessoas se sentem mais igualitárias quando dão um abraço cruzado. Trata-se de um estilo que pode transmitir proximidade sem acrescentar um sentido romântico.

A psicóloga afirmou ainda que a tendência ao abraço cruzado pode ter a ver com uma preocupação de não transmitir sinais românticos. “Quando fizemos esse segundo estudo, conversamos com as pessoas”, disse Düren. “Com frequência, elas disseram, ‘Ah, sim, o abraço pescoço-cintura parece um pouco mais íntimo’.”

Os resultados finais do estudo indicaram que o abraço mais seguro e, provavelmente, mais agradável é o abraço cruzado com duração de cinco a dez segundos.

 

Com informações do artigo de David Shultz para a revista Science.

COMPARTILHE

logo_busca

Mais resultados...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors