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Gotinhas para cuidar do corpo, do espírito e do bolso

Em 1958, a indústria de cosméticos Avon, criada em 1886 nos Estados Unidos, desembarcou no Brasil. Seu modelo criou um novo mercado de trabalho ambulante feminino, até então praticamente inexistente. A atividade de venda domiciliar de cosméticos prosseguiu com a Natura – cem por cento tupiniquim e mais focada na qualidade de seus produtos – e com marcas internacionais como Forever Living e Jeneusse.

O movimento em torno dos óleos essenciais, que vem ganhando força por aqui, está sendo agora turbinado pela ansiedade gerada pela pandemia do novo coronavírus. Aumentou não apenas a oferta de cursos nas redes sociais, mas também a comercialização das gotinhas. Cria-se, assim, um novo mercado de trabalho essencialmente feminino, com frequência também ativado por visitas pessoais.

Esses extratos destilados das mais variadas plantas são capazes de propagar desde bem-estar até criatividade, graças ao poder do perfume exalado por seus componentes. Dizem que a técnica milenar era usada pela rainha egípcia Cleópatra, que teria o hábito de aspergir óleo essencial de jasmim nas velas de suas embarcações para anunciar sua aproximação. Hoje, os objetivos mais amplos. Embora a Anvisa proíba que a capacidade de cura seja acrescentada aos atributos dos óleos essenciais, esta propriedade também é atestada pelos usuários das gotinhas.

 

INTUIÇÃO MAIS AGUÇADA E FIM DAS DORES

As propriedades benéficas dos óleos essenciais têm sido constatadas pela ex-bailarina Miriam dos Santos, 64 anos. Ela viveu os melhores momentos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de 1978 a 2002, dançando ao lado de ícones como Márcia Haydée e Richard Cragun. Até que sofreu uma lesão no joelho e partiu para a Europa. Em Budapeste, descobriu a ioga no calor, que lhe permitiu praticar intensos exercícios aeróbicos sem sentir dor. Há sete anos, voltou para o Brasil e deu prosseguimento à prática num estúdio no bairro carioca de Copacabana.

Em 2018, nesse estúdio, Miriam conheceu Pamela Tanimura, que a introduziu aos óleos essenciais. A tal “caixinha mágica” de Pamela mudou sua vida, ela diz. “Era difícil acreditar que uma gotinha de óleo pudesse fazer tanta diferença. De repente, passei a lembrar dos meus sonhos, a aguçar minha intuição e, junto com a ioga, as dores que sentia simplesmente desapareceram”, exulta.

Miriam começou a fazer cursos on-line e presenciais, a ler a literatura a respeito, a ouvir os conselhos da consultora Pamela e, com o aumento da ansiedade despertado pela pandemia, mergulhou também na comercialização, que passou a complementar a renda da aposentadoria. “Não sou boa em vendas, mas a procura cresceu tanto que já sinto meu futuro garantido, e ainda tenho muito para galgar”, planeja a ex-bailarina. Com isso, ela diz ter descoberto não apenas seu poder de cura, mas o de ouvir as pessoas.

 

ASTROLOGIA E NUMEROLOGIA

Se a vida de Miriam mudou, com Maria Eduarda Falcão, a Duda, 29 anos, não foi diferente. Neta de uma avó espiritualizada, de quem herdou o apelido de bruxa, Duda andava deprimida com a formação universitária em marketing, que “empurrava com a barriga”, até que uma astróloga fez seu mapa astral, em dezembro, e lhe sugeriu um curso sobre óleos essenciais. Ela não custou a perceber o alcance da aromaterapia, capaz de tratar o corpo físico e o energético.

Duda começou a produzir uma primeira leva de óleos em casa e está desenvolvendo o nome de sua marca. “Por enquanto, só faço para as pessoas mais próximas”, diz. Embora não pretenda desistir do marketing, ela quer associar o estudo da aromaterapia aos de astrologia e numerologia, também já iniciados, e unir as três técnicas em um mesmo tratamento. “Passei a sentir calma no coração”, descreve ela. “Entendi que os óleos essenciais vão me permitir ajudar as pessoas e a mim mesma.”

Para Priscila Mendes, 54 anos – 26 deles dedicados ao mercado financeiro – a descoberta dos óleos essenciais se deu num ano sabático, 2016. Ela iniciara um curso sobre agrofloresta, a fim de resgatar o contato com as fazendas da infância. Nesse novo métier, alguém lhe sugeriu: Por que você não estuda as gotinhas? Foi outro caso de paixão à primeira vista. Priscila passou então a cogitar dedicar-se às finanças de uma empresa familiar de óleos essenciais. Enquanto continua a estudar o tema, independentemente do potencial de equilibrar as finanças, ela tem uma certeza: “É um assunto fascinante”. Um assunto com potencial para cuidar do corpo, do espírito e do bolso.

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