A vida humana no planeta nunca foi tão complexa. Nossos hábitos de consumo estão entrelaçados com o comércio e economia globais, transformando uma simples compra numa operação complexa, movimentando recursos, energia, transporte e força de trabalho de partes diferentes do mundo. Essas ações combinadas impactam agora mais do que nunca, devido ao aumento das populações urbanas e ao consequente estresse sobre os recursos naturais.
Mas, em relação ao consumo de água, o aumento da população nas cidades pode levar a uma maior eficiência na alocação dos recursos hídricos, impactando de forma positiva no meio ambiente.
Consumo direto e indireto
Isso acontece porque o consumo e a produção da pegada hídrica estão ligados à mudança nas atividades econômicas urbanas com o tamanho da cidades. No caso, as grandes cidades são mais orientadas a serviços, não à produção industrial e agropecuária. Isso permite que as grandes cidades reduzam as pegadas hídricas, transferindo as atividades econômicas intensivas em água para regiões menos povoadas.
Ou seja, em média, cidades maiores consomem menos água porque à medida que a população aumenta, o consumo per capita dos recursos hídricos diminui. A maior parte da água nos grandes aglomerados urbanos é usada pelas pessoas em seu cotidiano, como lavar roupas, tomar banho, higienizar alimentos etc. O consumo direto de água ainda é alto, mas é compensado pela redução do consumo indireto, que é o grande gargalo da alocação dos recursos hídricos.
Políticas de sustentabilidade
Essa informação é importante para elaborar políticas públicas de economia no consumo de água. Metas mais realistas podem ser propostas, adaptadas para o tamanho das cidades e sua população. Por exemplo, uma campanha focada no uso direto da água, estimulando as pessoas a tomarem banhos mais curtos, ajudaria a economizar os recursos hídricos numa região mais populosa, mas não teria o impacto desejado numa cidade com um polo industrial ativo, com consumo indireto da água maior, ou com uma malha de transporte ineficiente, demandando gastos maiores para que bens de consumo cheguem à população. Políticas como a redução da criação do gado de corte ou por maior eficiência na produção de produtos agrícolas teriam maior sucesso nessas áreas, impactando na economia dos recursos hídricos como um todo.