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O Enem mais acessível graças a dois gêmeos de 18 anos

Em 1985, o empresário Sérgio Carvalho, avô dos gêmeos Francisco e Daniel Carvalho, reativou a Cruzada do Menor, uma creche que havia sido fundada em 1920 no Rio de Janeiro e que funciona até hoje, atendendo a mais de mil crianças. Inspirados por esse êxito, os dois irmãos, de 18 anos, criaram agora o Enem do Bem, uma iniciativa para produzir apostilas de estudo para o Exame Nacional do Ensino Médio e distribuí-las gratuitamente, sobretudo a alunos que moram em comunidades carentes. Os resultados têm sido gratificantes.

A ideia dos irmãos é compensar a dificuldade de alunos de escolas públicas de acessar a internet para assistir às aulas. A campanha tem sido um alento para os estudantes beneficiados, sobretudo nesses tempos de pandemia, em que as aulas presenciais estão suspensas desde março, e sem uma boa perspectiva de retorno. As apostilas oferecidas por Francisco e Daniel procuram cobrir todo o conteúdo didático exigido para o Enem.

“Está sendo muito bacana, recompensador. Fizemos o primeiro pedido para publicar as apostilas com nosso dinheiro, depois lançamos uma plataforma para arrecadar recursos e já superamos a meta”, disse Francisco ao Revolution Club.

O projeto começou pelo Complexo da Maré, comunidade onde quase a metade dos 240 alunos do curso pré-vestibular Rede de Saberes, da ONG Redes da Maré, não tem internet em casa. Francisco e Daniel conseguiram um desconto de 25% no preço do material didático, concedido pela empresa que o produz, e arrecadaram o restante do dinheiro entre amigos e familiares. Eles distribuíram cem apostilas – cada uma delas ao custo de R$ 110 – a 98 estudantes sem acesso à internet.

 

ARRECADAÇÕES SUPERAM EXPECTATIVA

“Para quem é da favela é muito difícil chegar à universidade, e as condições se tornaram ainda mais adversas na quarentena”, disse ao Globo a assistente social Luana Silveira, coordenadora do pré-vestibular Rede de Saberes. “Deixar nossos alunos à deriva era a nossa maior preocupação. As apostilas foram um alívio, vão permitir aos estudantes aprender o conteúdo que não conseguiram acompanhar na escola.”

A repercussão da iniciativa trouxe novos interessados. Embalados pela satisfação de fazer o bem, os irmãos partiram para o lançamento de uma plataforma na internet com o objetivo de arrecadar verbas para novas etapas do projeto por meio de uma vaquinha. A meta era conseguir R$ 8,8 mil e eles já arrecadaram R$ 14 mil. Nesse meio tempo, Francisco e Daniel foram procurados pelos organizadores do pré-vestibular comunitário Pecep, da Rocinha, cujos alunos também passaram a ser beneficiados pelo Enem do Bem.

Com o caixa extra nas mãos, e enquanto a vaquinha continua – no site –  os dois irmãos poderão ampliar as ações do Enem do Bem até janeiro, mês para o qual está previsto o exame nacional para acesso ao ensino superior – apesar de uma enquete realizada entre estudantes ter indicado uma preferência por maio.

“Foi uma mistura de emoções ver o Enem do Bem se concretizar. Fiquei orgulhoso por poder fazer a diferença na vida das pessoas e feliz com a sensação de dever cumprido”, afirmou Daniel ao Globo. “Sei que muitos alunos estavam angustiados por não terem condições de competir de igual para igual com os que estudam em escola particular. E não acho justo alguém se sentir desprivilegiado.”

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