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O futuro com otimismo, mesmo que sem garantias

Esta semana, fez quatro anos que recebi o diagnóstico. Sim, descobri um câncer de mama em pleno Outubro Rosa, e é por isso que estou aqui fazendo meu relato.

As pessoas me perguntam o que mudou e eu posso dizer: TUDO. A começar pela forma como eu levava a vida. Acho que em algum momento eu vestira a roupa da Mulher-Maravilha e acreditava que era ela. Mas com tanta sobrecarga, a conta chegou com um câncer de mama aos 33 anos. Quatro anos depois de perder minha mãe para um câncer de pulmão.

Acho que o que me ajudou no processo foi entender, desde o início, que tudo acontece por um motivo. E que se aquilo estava acontecendo comigo, era para meu aprendizado e evolução.

Apesar de não ter precisado fazer quimioterapia nem radioterapia, não escapei da hormonioterapia. Um tratamento de cinco anos com bloqueio hormonal, para a doença não voltar.

Quando recebi a notícia do tratamento e de que ficaria cinco anos em observação, refleti sobre a vida que eu gostaria de levar dali para frente. E a única certeza que eu tinha era de que não dava para continuar levando a vida que me fizera adoecer.

Minha primeira grande decisão foi voltar para o Rio de Janeiro, minha cidade natal. Até então estava morando em São Paulo com meu filho, que na época tinha 4 anos, e vivendo um ritmo de trabalho digno de São Paulo. Mas sem família por perto e sem ajuda. Mulher-Maravilha, né?

Voltar para o Rio foi o primeiro sinal de que eu precisava, sim, de ajuda e queria reequilibrar as coisas. Talvez tenha sido também o primeiro passo para fazer as pazes com o meu feminino.

Meu jeito de ver a vida mudou. Minha relação com o tempo também. Eu sabia que tinha recebido uma chance e queria aproveitá-la, com presença. Mas para isso precisava sair do piloto automático. Dali em diante foram anos de busca e autoconhecimento para entender o que nutria minha alma e colocar isso em minha rotina.

Os efeitos colaterais do tratamento me fizeram buscar uma reeducação alimentar e também uma rotina de exercícios. Meditação e óleos essenciais me ajudaram muito também. A verdade é que eu tinha consciência de que o tratamento era uma bomba e não queria recorrer a antidepressivo para lidar com ele. Então tudo que fazia sentido pela medicina integrativa era mais do que bem-vindo.

Com uma rotina de check-up a cada seis meses, hoje nem acredito que só falta um ano e meio de tratamento. É meio louco pensar que agora está mais perto de acabar, depois de tanto tempo com a vida em torno disso. Mas de uma coisa tenho absoluta certeza: todas as mudanças seguirão comigo, mesmo quando o tratamento acabar, pois são frutos de um processo de consciência e de escolhas para a vida.

Quando olho para tudo isso, me sinto presente e vejo o futuro com o otimismo de quem volta a fazer planos, mesmo sabendo que não temos garantias. Assim é a vida e, posso dizer, ela é linda.

Mariana Fleury é publicitária e mantém o blog Meu Outubro Rosa (www.meuoutubrorosa.com).

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