As bactérias presentes no intestino fazem muito mais do que apenas nos ajudar a digerir alimentos. Elas também passam informações importantes aos genes de todos os mamíferos; humanos incluídos.
Um estudo publicado na revista Cell descreve uma forma de “comunicação entre espécies” na qual as bactérias secretam óxido nítrico, o que lhes permite se comunicar e controlar o DNA de seus hospedeiros. Esse tipo de comunicação pode influenciar diretamente a saúde humana.
Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Case Western Reserve, dos Hospitais Universitários Cleveland Medical Center e da Harvard Medical School rastrearam o óxido nítrico secretado por bactérias intestinais. O estudo é o primeiro a mostrar que as bactérias do intestino podem penetrar em redes de óxido nítrico presentes em todos os mamíferos.
O óxido nítrico se liga às proteínas humanas de maneira cuidadosamente regulada. Essas rupturas estão diretamente relacionadas ao Alzheimer, Parkinson, asma, diabetes, doenças cardíacas e câncer.
Os resultados sugerem que o óxido nítrico é um mecanismo de comunicação das bactérias da fauna intestinal com seus hospedeiros. Portanto, é uma linguagem química comum entre espécies.
O estudo contribui para provar que as bactérias que vivem no intestino, determinadas pela dieta e pelo meio ambiente, têm uma tremenda influência na saúde dos mamíferos; e os seres humanos não são exceção. Logo, o óxido nítrico pode representar uma oportunidade para manipular esse relacionamento simbiótico.
Novas possibilidades de tratamento
Assim como os probióticos são projetados para melhorar a digestão, seria possível inocular o intestino de uma pessoa para melhorar a sinalização do óxido nítrico. Novos caminhos para a terapia e tratamento podem ser desenvolvidos a partir dessa hipótese.
Embora o óxido nítrico e a S-nitrosilação possam ser um modo geral de comunicação interespecífica com implicações amplas na saúde, mais pesquisas precisam ser feitas a fim de consolidar esta descoberta. Comprovar se o óxido nítrico é a única forma de comunicação entre a fauna bacteriana é uma das prioridades da equipe. Mas, no geral, as notícias são otimistas para melhor compreensão sobre como a fauna intestinal impacta na vida dos organismos.
