Um grupo de pesquisadores americanos fez um estudo para determinar como as escolhas alimentares podem somar ou subtrair tempo na vida de uma pessoa. Com experiência em sustentabilidade alimentar, avaliação de ciclo de vida ambiental, saúde ambiental e nutrição, eles procuraram identificar alimentos ambientalmente sustentáveis que também beneficiam a saúde humana. A pesquisa foi publicada na revista científica Natural Food.
Em artigo para o site Conversation, republicado na revista Planeta, dois dos pesquisadores envolvidos, Olivier Jolliet e Katerina Stylianou, contaram que o estudo combinou 15 fatores de risco dietético baseados na saúde nutricional com 18 indicadores para avaliar, classificar e priorizar mais de 5.800 alimentos.
“Em última análise, queríamos saber: são necessárias mudanças drásticas na dieta para melhorar nossa saúde individual e reduzir os impactos ambientais?”, explicaram eles. “E toda a população precisa se tornar vegana para fazer uma diferença significativa para a saúde humana e do planeta?”
Os dois pesquisadores contaram que analisaram os alimentos individualmente com base em sua composição a fim de calcular seus benefícios e impactos. Para isso, criaram um Índice Nutricional de Saúde que transforma essas informações em minutos de vida perdidos ou ganhos por porção de alimento consumido.
Assim, eles constataram que um cachorro-quente custa a uma pessoa 36 minutos de vida saudável, enquanto uma porção de 30 gramas de nozes e sementes representa um ganho de 25 minutos de vida saudável.
O estudo indicou ainda que a substituição de apenas 10% da ingestão calórica diária de carne bovina e carnes processadas por uma combinação de grãos, frutas, verduras, legumes, nozes e frutos do mar poderia reduzir em um terço a pegada de carbono de um consumidor e adicionar 48 minutos de vida saudável por dia.
“Esta é uma melhoria substancial para uma mudança tão limitada na dieta”, comentaram os dois pesquisadores. A pesquisa mostrou também que a cada grama de carne processada consumida, perde-se, em média, 0,45 minutos de vida.
MAIORES GANHOS DE SAÚDE NA ELIMINAÇÃO DE CARNE BOVINA
Na análise final que fizeram, os estudiosos associaram saúde e meio ambiente para codificar por cores os alimentos pesquisados, classificando-os como verdes, amarelos ou vermelhos, como num sinal de trânsito. Os verdes seriam os mais saudáveis e com menor impacto ambiental – e que deveriam ser priorizados na dieta – enquanto os vermelhos seriam os mais nocivos à saúde e que, portanto, deveriam ter seu consumo reduzido.
“Quando se trata de sustentabilidade ambiental, encontramos variações surpreendentes tanto dentro como entre os alimentos de origem animal e vegetal”, observaram Jolliet a Stylianou. “Para os alimentos ‘vermelhos’, a carne bovina tem a maior pegada de carbono em todo o seu ciclo de vida – duas vezes mais alta que a carne de porco ou cordeiro e quatro vezes a de aves e laticínios.”
Eles acrescentaram: “Do ponto de vista da saúde, eliminar a carne processada e reduzir o consumo geral de sódio proporciona o maior ganho de vida saudável em comparação a todos os outros tipos de alimentos.”
Entre os alimentos “verdes”, ou seja, benéficos à saúde e ao meio ambiente, que as pessoas devem priorizar, os pesquisadores citaram grãos inteiros, frutas, verduras, legumes e nozes, além de peixes e frutos do mar de baixo impacto ambiental. Segundo eles, esses alimentos “oferecem opções para todos os níveis de renda, gostos e culturas”.
O estudo mostrou ainda que, em termos de sustentabilidade alimentar, não basta considerar a quantidade de gases do efeito estufa emitida – expressa na pegada de carbono. Técnicas de economia de água também podem ser medidas importantes para reduzir a pegada hídrica da produção de alimentos, tais como irrigação por gotejamento e reutilização de água.