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Países se unem por acesso igual à vacina de Covid

Em meio a múltiplos esforços no mundo para descobrir um imunizante eficiente contra a Covid-19, 165 países anunciaram sua disposição para garantir um acesso igualitário à esperada vacina por meio da formação de uma coalizão, batizada de Covax. Brasil, Argentina e México se disseram favoráveis a participar do grupo, mas potências como Estados Unidos, China, União Europeia e Rússia indicaram que ficarão de fora.

Pelo menos 75 países da coalizão em formação se ofereceram para financiar o desenvolvimento de um portfólio das vacinas com maiores chances de sucesso.

A ideia da Covax, segundo Richard Hatchett, diretor executivo da Aliança Global para Vacinas e Imunização (Gavi Alliance) e codiretor da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), é garantir, até o final de 2021, a vacinação dos 20% mais vulneráveis ​​da população de cada país participante, “independentemente da faixa de renda”.

Os participantes da empreitada concordaram em compartilhar o possível êxito de uma ou mais vacinas com noventa países pobres que não façam parte do grupo e tenham sistemas de saúde deficientes. O projeto da coalizão garantiria o acesso de 60% da população do planeta à vacinação contra o coronavírus.

Hoje, menos de dez dos cerca de 170 projetos de imunizantes contra a Covid-19 estão na fase três, considerada definitiva para o sucesso ou fracasso da pesquisa.

 

NECESSIDADE DE COMPROVAR EFICÁCIA

A postura dos governos pode ser determinante nesse processo, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) sabe o quanto eles estão sob pressão para garantir que suas populações tenham acesso a vacinas eficazes. “Se os governos competirem, a maioria dos países pode ficar de fora”, alertou a instituição.

Segundo o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o Fundo Monetário Internacional estimou que a pandemia custará US$ 375 bilhões ao mundo. “Se não for contida, em dois anos ultrapassará US$ 12 trilhões”, afirmou.

Projetos de vacina com os de Rússia, China, Universidade de Oxford-AstraZeneca e Reino Unido estão na fase três, ou seja, adiantados. Mas ainda não obtiveram comprovação de eficácia em grupos de massa. Mesmo assim, vários países concordam com uma produção em larga escala. Para os especialistas, essa ainda é uma aposta na economia de tempo, sob o risco de perda total se os imunizantes não passarem nos testes finais.

 

CRIAÇÃO DE “RESERVA HUMANITÁRIA”

A Covax criaria um fundo global de financiamento. “Os participantes vão investir na fabricação antecipada de vacinas candidatas de seu portfólio assim que seu sucesso for demonstrado”, disse a OMS.

Na primeira etapa, a Covax exigirá US$ 2 bilhões (ou R$ 11 bilhões), dos quais já foram arrecadados US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões). Em seu portfólio, a OMS contabilizou nove vacinas candidatas já em testes de fase dois ou três.

O passo seguinte será chegar a 2021 com 2 bilhões de doses aprovadas pela OMS. A distribuição destas deverá ser proporcional à população de cada país, com prioridade a profissionais de saúde, e depois ampliada aos 20% da população. Em seguida, haveria uma nova rodada de doses, de acordo com a vulnerabilidade e grau de ameaça da Covid-19 de cada um. Por último, seria criada uma “reserva humanitária” de vacinas.

Seth Berkley considerou a Covax a única solução verdadeiramente global para um problema que atinge a grande maioria dos países. “A cooperação significa receber uma parte garantida das doses e evitar ficar no fim da fila”, afirmou ele, em reunião na OMS.

Uma das grandes preocupações do grupo é a não adesão de grandes economias, como Estados Unidos e China, à coalizão. Teme-se que isso possa agravar a pandemia, a exemplo do que aconteceu em 2009 com o H1N1, o vírus da gripe suína. Na época, alguns países optaram por imunizar toda a população, em vez de adotar a orientação internacional de imunizar apenas as pessoas mais vulneráveis.

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