Pessoas que riem no trabalho são mais compromissadas e criativas, indicam pesquisas. Mas como trazer humor para o ambiente profissional? O caminho não tem nada a ver com bancar o palhaço ou comediante. Mesmo que o trabalho em si não tenha graça nenhuma, o importante é manter a leveza, que pode nos ajudar a alcançar objetivos sérios.
Estas considerações são feitas por Jennifer Aaker e Naomi Bagdonas, ambas professoras de administração na Universidade de Stanford e autoras do livro Humor Seriously: Why Humor is a Secret Weapon in Business and Life.
Em artigo para a Harvard Business Review, as duas especialistas citam uma pesquisa segundo a qual líderes com senso de humor são 27% mais motivadores e mais admirados do que aqueles que não dispõem de humor. Além disso, seus funcionários são 15% mais comprometidos e suas equipes tem mais que o dobro da capacidade de resolver desafios de criatividade.
Uma simples piadinha ao fim de uma proposta de venda pode conquistar os clientes, dizem Aaker e Bagdonas. Segundo elas, uma risada compartilhada aumenta os sentimentos de proximidade e confiança.
O efeito, explicam, é químico. Quando rimos, nossos cérebros produzem menos cortisol (que propicia calma e reduz o estresse) e liberam mais endorfina (que tende a nos dar euforia) e oxitocina, o chamado hormônio do amor. “É como meditar, exercitar-se e fazer sexo ao mesmo tempo”, afirmam.
No trabalho, o primeiro passo é reconhecer que todo mundo é divertido e que você pode usar seu humor com eficácia. O segundo é identificar o tipo de humor de seus colegas. Aaker e Badgonas listam quatro estilos:
- O humor irreverente, ousado e que não teme irritar um pouco para conseguir uma risada.
- O humor usado para tornar o clima mais leve, típico de pessoas sérias, contidas.
- O humor sutil, sarcástico, capaz de dar uma alfinetada inesperada.
- O humor expressivo, carismático, fácil de fazer rir.
Quanto melhor você reconhece o tipo de humor das pessoas, mais fácil saber o momento de fazer uma brincadeira ou soltar uma piada, afirmam as especialistas. Você será capaz de saber, por exemplo, quem pode se ofender com determinadas brincadeiras. E deve evitar rir à custa de alguém, recomendam.
O terceiro passo é ser ligeiramente atrevido, seja com potenciais clientes, parceiros ou alguém com quem esteja negociando. Essa irreverência pode ajudar. E por fim, tente fazer uso de sua própria leveza, tornando o clima à sua volta mais ameno.
Aaker e Badgonas reconhecem que esses tempos de pandemia não são exatamente propícios a boas risadas, mas afirmam: “Acreditamos que os líderes que proporcionam humor nesse estranho mundo novo são aqueles que realmente estão ajudando seus funcionários a passar por isso.”
Para as duas professoras, o humor exerce uma magia sobre as pessoas e pode ser aprendido. Cabe a nós trazê-lo para o ambiente de trabalho e, com isso, melhorar o desempenho das pessoas. Elas sustentam: “Mais do que nunca é hora de levar o humor a sério.”