A planta de uma fruta semelhante à banana, encontrada principalmente na Etiópia, está sendo apontada como um superalimento capaz de matar a fome num mundo afetado pela mudança climática. A Ensete ventricosum poderia alimentar mais de 100 milhões de pessoas mesmo sob os efeitos do aquecimento global, por ser especialmente resistente, disseram estudiosos britânicos e etíopes.
Curioso é que a fruta em si não é comestível, mas sim o caule e as raízes da planta. Cerca de 200 milhões de etíopes utilizam essas partes da “falsa bananeira” para fazer pão e mingau, mas a “falsa banana” não entra na receita.
Embora seja pouco conhecida fora da Etiópia, a planta poderia ser cultivada em outros países africanos, como Quênia, Uganda e Ruanda, disseram os autores do estudo, publicado no periódico Environmental Research Letters.
“Esse é um alimento que pode desempenhar um papel importante na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável”, disse à BBC um dos pesquisadores, Wendawek Abebe, da Universidade Hawassa, em Awasa, Etiópia.
ALTERNATIVAS A CONSUMO RESTRITO DE ALIMENTOS
O estudo se utilizou de pesquisas e modelos agrícolas para prever o potencial alcance da Ensete ventricosum nas próximas quatro décadas. Pesquisador do Royal Botanic Gardens, no Reino Unido, que também participou do estudo, James Borrell afirmou que a planta “tem algumas características incomuns que a tornam absolutamente única como cultivo”.
Ele explicou: “Você planta em qualquer época, colhe em qualquer época e ela é perene. Por isso a chamam de árvore contra a fome.”
Os alimentos feitos a partir da falsa bananeira são consumidos em apenas uma parte da Etiópia. A planta é quase uma desconhecida em outros países africanos. A Etiópia é conhecida como um grande centro de domesticação de cultivos, incluindo o de café.
Cientistas preveem que a mudança climática afetará seriamente o cultivo e a distribuição de alimentos básicos na África e em outros continentes. Por isso, interessam-se por alimentos alternativos. Segundo estimativas, quase metade de todas as calorias que ingerimos atualmente provém de três únicos alimentos: arroz, trigo e milho.
Borrell afirmou: “Precisamos diversificar as espécies de plantas que usamos globalmente, porque no momento todos os nossos ovos estão numa uma cesta muito pequena.”
Com informações de artigo de Hellen Briggs para a BBC.