Investir na qualidade do seu sono é um bom negócio

Esse saber intuitivo, repetido geração após geração, possui comprovação científica. Apesar de vivermos num mundo em que rotinas de trabalho extensas são valorizadas, as horas de sono não podem e não devem ser sacrificadas em prol da produtividade. Na verdade, o melhor a se fazer para manter um rendimento estável é ter uma boa noite de sono no dia anterior.

Segundo uma pesquisa da American College of Occupational and Environmental Medicine, distúrbios no sono estão entre as queixas mais frequentes relatadas por norte-americanos a médicos e profissionais de saúde. Muitos informam que não conseguem dormir o suficiente à noite, ou que sofrem no dia seguinte com as consequências da insônia. Apneia do sono e insônia crônica, que pode se estender por até 6 meses, também foram relatadas, em muitos casos sem a observação e o tratamento adequados por parte da comunidade médica.

As consequências pessoais e sociais dos distúrbios no sono são muito numerosas. Dormir mal agrava quadros depressivos e leva a crises de ansiedade, além de estar relacionado a doenças crônicas como diabetes melito, hipertensão e obesidade. Devido à queda de atenção, motivação e foco causada pela sonolência, acidentes se tornam mais frequentes, seja no ambiente de trabalho ou fora dele.

Para consolidar memórias e fixar conhecimento nosso cérebro precisa atingir um estágio de sono profundo conhecido como REM (Movimentos Oculares Rápidos, na tradução da sigla em inglês). Esse estágio normalmente é atingido no fim do ciclo do sono, e é fundamental para o descanso da mente. O REM pode ser suprimido quimicamente pela ingestão excessiva de álcool, sendo um dos principais motivos para a indisposição e o cansaço no dia posterior. Indivíduos que sofrem com insônia ou sono intermitente possuem dificuldade em acessar esse estágio; seu sono é leve, e não fornece a renovação energética necessária.

Não conseguir dormir profundamente também impacta no fôlego e no cansaço físico. É durante o REM também que nossos tecidos e músculos relaxam, e quem não consegue acessar esse estágio sofre mais rapidamente com exaustão.

Para resolver esse problema é preciso encontrar um padrão de sono consistente, capaz de manter sua capacidade cognitiva em pleno funcionamento durante o dia. Nosso sono é regido por ciclos circadianos, que acompanham a movimentação entre o dia e a noite, como um relógio biológico. À noite, nossos níveis de histamina são diminuídos pela liberação de melatonina, hormônio relacionado com a sonolência. Pela manhã, o cortisol, hormônio que, se excessivamente presente no ogranismo, leva a quadros de estresse, é liberado, suprimindo os efeitos da melatonina. Quando não seguimos uma rotina de sono equilibrada e consistente a produção de melatonina é interrompida pelo nosso organismo, impedindo que sigamos nosso relógio biológico e afetando o funcionamento de todo nosso organismo.

E essa perda na produtividade custa caro. Em 2016 um estudo divulgado pela Rand Corporation alertou que a falta de sono custou U$411.000.000,00 à economia norte-americana, chegando a 1 milhão de dias úteis perdidos. Os afetados ou dormem demais na tentativa de compensar a falta de qualidade do seu sono ou faltam o trabalho, por doenças que afetaram seu organismo devido à falta de sono.

O segredo para uma boa noite de sono envolve prestar atenção às demandas do seu corpo, a ponto de compreender qual horário funciona melhor para você. Dormir entre 9 a 6 horas por noite é o recomendável, com atenção para o bem-estar especialmente durante o despertar. Para cair no sono na hora certa é necessário desenvolver uma rotina relaxante à noite, e evitar o uso de smartphones, computadores e assistir televisão perto da hora de dormir ajuda a acalmar a vista e a mente, inibindo a ação do cortisol.

Portanto, não vare a noite tentando adiantar trabalho. Durma bem, acorde feliz e dê continuidade às obrigações no dia seguinte. Preserve a sua saúde: a produtividade agradece!