Vem da favela, mais especificamente, dos morros cariocas da Babilônia e Chapéu Mangueira, uma iniciativa que promete transformar o modo de produzir e distribuir energia em comunidades de baixa renda. Cinco anos depois da instalação de painéis solares no Babilônia Rio Hostel e na pousada Estrelas da Babilônia, surge na Zona Sul do Rio de Janeiro a primeira cooperativa de energia solar em uma favela brasileira.
O projeto é comandado pela ONG RevoluSolar, que busca o desenvolvimento sustentável de comunidades de baixa renda por meio de energia solar. Após os bons resultados alcançados nos pilotos, a ONG instalará uma usina de 26 quilowatts-pico no telhado da Associação de Moradores da Babilônia, o suficiente para atender a trinta famílias.
Diretor-executivo da RevoluSolar, Eduardo Avila disse, em recente entrevista ao Canal Solar, que a implantação da usina deve empregar dez pessoas, entre instaladores solares e embaixadores comunitários, todos moradores da comunidade. O impacto da geração da própria energia será sentido no bolso dos beneficiados. O Estado do Rio de Janeiro tem uma das tarifas de energia mais caras do país.
APOIO E ENGAJAMENTO DOS MORADORES
O projeto teve origem em 2016, quando a RevoluSolar e o empreendedor belga Pol Dhuyvetter instalaram os primeiros painéis solares na Babilônia. No ano passado foi a vez da Escolinha Tia Percília, que recebeu doze painéis solares. A escola funciona há mais de 25 anos na comunidade e enfrenta dificuldades financeiras.
Além do alto custo da instalação de painéis e da captação da energia solar, a ONG enfrentou outro desafio em sua iniciativa: conseguir o apoio e engajamento dos moradores. Para combater a desconfiança e o ceticismo entre eles, começou a fornecer à comunidade informações sobre os benefícios das energias renováveis. A estratégia foi bem-sucedida e resultou no envolvimento dos moradores no processo.
A energia solar é limpa, renovável e pode levar eletricidade e sustentabilidade até mesmo a locais isolados, exigindo pouca manutenção. As desvantagens seriam o alto custo e a falta de incentivo no Brasil. Para viabilizar o projeto nas favelas, a RevoluSolar conta com a contribuição das empresas LONGi e GoodWe, que vão doar equipamentos, além do apoio da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar) e do Canal Solar.
“A ideia de que energia solar é coisa de rico é mito. Energia solar é uma ferramenta muito mais importante para a camada mais pobre”, afirmou Avila ao Canal Solar. “Enquanto a classe alta gasta cerca de 3% a 4% da renda com energia, a baixa renda chega a gastar 30% a 40%. Então, é uma ferramenta muito importante para a questão econômica, para reduzir despesas com energia.”