Nos anos 1960, Os Jetsons eram uma forte expressão de um futuro que estaria por vir. O desenho animado da Hanna-Barbera mostrava a família protagonista sendo servida por empregados robôs – não por acaso com aqueles uniformes engomados de que tanto gostavam as madames. As cidades eram suspensas, os carros voavam, mas os problemas não eram muito diferentes daqueles da época em que o programa foi produzido.
O que os criadores do desenho não poderiam supor é que um dos maiores saltos tecnológicos da humanidade se daria na comunicação. E muito menos poderiam imaginar o que Elon Musk – o bilionário responsável pelos carros elétricos da Tesla e pelos lançamentos espaciais da SpaceX – anunciou: até o ano que vem, a Neuralink, outra de suas empresas, começará a implantar chips em cérebros humanos.
A inovação da startup que se dedica à neurotecnologia teria como objetivo inicial recuperar funções perdidas por danos cerebrais, como o controle motor. Mas Musk acena ainda com a chance de os chips permitirem ao cérebro fazer streaming de música – o que seria o passo seguinte na evolução que já substituiu o disco de vinil pelo CD e este pelo arquivo digital.
Durante um evento da Neurolink, o empresário anunciou mais um potencial da nova tecnologia: “Ajudar a controlar os níveis hormonais e usá-los a nosso favor, melhorando o raciocínio e aliviando a ansiedade.”
CHIP ENVIARIA SINAIS PARA SMARTPHONE
Essa interface cérebro-computador se daria por meio de milhares de eletrodos empacotados num dispositivo de 23×18,5×2 milímetros de tamanho, dotado de uma entrada USB-C para transmissão de dados. Os sensores finíssimos – com 30 por cento do diâmetro de um fio de cabelo – seriam movidos a bateria. E esse chip seria implantado no cérebro por meio de uma intervenção superficial.
A implantação ficaria a cargo de um robô neurocirurgião, criado para este fim, com capacidade de inserir 192 eletrodos por minuto em um ser humano. “Serão minieletrodos, delicadamente implantados pelo robô. Não será estressante e funcionará bem”, prometeu Musk em entrevista coletiva.
De acordo com a Neurolink, os pequenos chips terão aparelhos auditivos especiais que enviarão informações para um aplicativo de smartphone. O objetivo é permitir às pessoas controlar um telefone por meio de pensamentos. Futuramente, essa habilidade seria estendida a outros acessórios, como braços robóticos.
No Twitter, Musk explicou que o chip poderia também “retreinar” partes do cérebro e, assim, curar depressões ou vícios. Já testado em animais, o sistema seria testado em humanos ainda este ano. “Em princípio, poderá consertar quase tudo o que há de errado no cérebro”, disse o empresário.
RISCO PARA A MENTE HUMANA
Tudo isso pode parecer um sonho dourado a ser alcançado. Mas cientistas já alertaram para o perigo de implantar chips no cérebro. Em artigo para o Financial Times, no ano passado, a psicóloga cognitiva Susan Schneider disse que a experiência pode representar um “suicídio para a mente humana”, levando à destruição do cérebro.
Já o escritor Carlos Torres, que se autointitula mensageiro da luz, alertou seus seguidores para dois iminentes perigos anunciados para os próximos tempos. O primeiro seria a chegada da tecnologia 5G, segundo ele com potencial para exterminar a humanidade. E o segundo, a implantação de chips no cérebro. Segundo ele, a inovação será o mesmo que vender a alma para o diabo. “Seria uma forma de acessar seu registro akáshico [memória cósmica], a glândula pineal.
Vale lembrar que o filósofo francês René Descartes (1596-1650) classificava a glândula pineal como “a principal sede da alma”.