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Novos modelos de escritório redefinem o trabalho

Se há uma mudança sem volta provocada pela pandemia do coronavírus, são as novas formas de trabalhar. O tema instiga o investidor de risco David Mott, que fez uma pesquisa e chegou à conclusão de que existem pelo menos cinco novos modelos de escritório no mundo. “Temos uma oportunidade incrível de redefinir a forma como trabalhamos e reescrever as regras”, disse ele à BBC, explicando como funciona cada um desses modelos.

Segundo Mott, o modelo de escritório permaneceu praticamente o mesmo desde o século XVI. Recentemente, a forma de trabalhar foi influenciada pelas novas tecnologias. Pessoas passaram a trabalhar em casa, em cafés ou em espaços de trabalho coletivos, praticando o chamado coworking. Surgiram também os nômades digitais, cujo tipo de atividade – em geral ligada a tecnologia – permite viver viajando pelo mundo. Por conta da pandemia, as inovações podem vir a ser ainda maiores.

Mott cita a si próprio como exemplo do êxito do primeiro modelo que cita, o escritório totalmente remoto.  Depois de passar uns tempos na Ásia, ele diz sentir confiança de que esse sistema pode funcionar bem. Plataformas de contato remoto, como o Zoom, ainda são imperfeitas, afirma, mas são a base para esse esquema ter sucesso. O aprimoramento depende, naturalmente, do avanço tecnológico.

A empresa de investimento imobiliário de Mott adotou o escritório totalmente remoto, mas criou um grupo para humanizar as atividades, organizando encontros recreativos online. Como vantagem desse modelo, Mott cita a oportunidade de contratar funcionários em lugares distantes. Como desvantagem, a falta de contato físico entre os funcionários. Esse contato costuma gerar empatia e colaboração, melhorando os resultados.

 

MENOS ESTRESSE E MENOS DESLOCAMENTOS

Menos radical, o modelo híbrido intercala dois dias da semana no escritório com o trabalho em casa –  ou onde o funcionário preferir – nos outros dias. Para Nicholas Bloom, professor de economia em Harvard com especialização em trabalho remoto, esse é o modelo ideal para equilibrar as vidas pessoal e profissional: diminui o estresse e o tempo gasto com deslocamento. Contudo, pode não funcionar para quem gosta de rotina.

O modelo atrai também Marco Minervini, pesquisador de design organizacional de uma escola de negócios em Cingapura. O inconveniente, para ele, é a possibilidade de trazer à tona as diferenças entre os funcionários, seja em relação à situação familiar ou à qualidade da internet que utilizam.

Outra opção é o modelo remoto plus, em que os empregados passam uma semana do mês no escritório e as outras três trabalhando remotamente. Permite que as pessoas fiquem longe, mas faz com que elas se esforcem também para conviver em equipe. Carolina Salvador, coordenadora de comércio eletrônico numa multinacional, experimentou o esquema. Embora ache que trabalhar em casa não interfere em sua produtividade, ela considera a semana que passa no escritório vantajosa para o trabalho em equipe.

O quarto modelo é chamado de Hub e Spoke, nome de um paradigma de distribuição radial que otimiza a topologia do transporte. Tem alguma semelhança com o sistema das ruas que se irradiam a partir do Arco do Triunfo, no planejamento de George-Eugène Haussmann para Paris. A ideia é expandir a empresa com escritórios remotos em outras cidades ou países a partir de um centro irradiador, de modo a “aproveitar as competências locais”, diz Mott.

Por fim, o modelo tempo de qualidade se baseia em duas premissas: produtividade e confiança nos funcionários. Isso porque aqui não há nenhum tipo de controle sobre a carga horária trabalhada. O que interessa são os resultados. A vantagem desse tipo de flexibilização é conciliar o trabalho com outras atividades. “Quando as pessoas estão em casa, não sabemos o que estão fazendo o tempo todo”, afirma Mott. “É por isso que esse modelo requer um alto nível de confiança.”

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