O ônibus movido a energia solar já é uma realidade no Ceará. O protótipo foi desenvolvido por pesquisadores da Usina Termelétrica da empresa de energia EDP, em parceria com a Universidade Estadual Paulista. O veículo está sendo usado para transportar 44 funcionários para o trabalho na usina, num percurso de setenta quilômetros entre Fortaleza e Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante.

A iniciativa promove a substituição de combustíveis fósseis por energia renovável em veículos de transporte, evitando a emissão de gases poluentes. O conjunto de baterias do ônibus tem autonomia para trezentos quilômetros. A recarga é feita com 183 placas solares instaladas no estacionamento da usina. O investimento inicial do projeto foi de R$ 4,85 milhões.

“O ônibus elétrico solar é uma inovação que mostra o potencial dessa solução sustentável para o transporte urbano e rodoviário de massa”, afirmou o gestor executivo de operação da EDP no Brasil, Cayo Moraes. Segundo ele, o objetivo da empresa é liderar a transição energética no país.

O veículo experimental possui dois motores de 148 cavalos de potência, chassi da BYA – usado em ônibus de energia limpa – em cada uma das rodas do eixo traseiro e carroceria Marcopolo.

Na segunda etapa do projeto, filmes fotovoltaicos orgânicos, compostos por células que geram energia elétrica a partir da luz solar, serão instalados no teto do ônibus. Com isso, a energia solar poderá ser usada em iluminação, som e serviços oferecidos no interior do veículo, como carregamento de celular.

PROJETO PIONEIRO É DE SANTA CATARINA

O Brasil dispõe de cerca de 500 mil ônibus convencionais em circulação. Os ônibus elétricos oferecem vantagens ambientais e melhor retorno financeiro.

Os australianos são pioneiros na fabricação de ônibus movidos a energia solar. Uma das maiores empresas de transporte público do país, a Adelaide Connector dispõe de veículos com ar-condicionado e serviço de internet sem fio.

Apelidados de Tindo – que significa sol – os ônibus elétricos australianos já rodaram mais 60 mil quilômetros, o que, segundo cálculos oficiais, representou uma economia de cerca de 14 mil litros de óleo diesel e evitou a emissão de setenta toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera. Os veículos têm autonomia para duzentos quilômetros em condições de clima normais.

O mecanismo de freio é outra fonte de aproveitamento de energia do ônibus australiano. Um sistema de frenagem regenerativa transforma o impacto dos freios em energia, contribuindo para um consumo 30% menor.

No Brasil, a largada foi dada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a empresa WEG. Desde 2017, circula em Florianópolis um ônibus movido a energia solar, que recebeu o nome de eBus. Diariamente, o veículo faz um percurso de cinquenta quilômetros, transportando professores e alunos.

No eBus, baterias de lítio armazenam a energia gerada pelas placas solares fotovoltaicas instaladas nos telhados do laboratório de pesquisa da universidade. O ônibus catarinense tem autonomia para percorrer até 70 quilômetros. Desde que começou a circular, já rodou mais de cem mil quilômetros.