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Fraldas sujas viram energia limpa no Japão

A população japonesa é uma das que envelhece mais rápido no mundo. Segundo projeções, 40% dos moradores de Tóquio terão mais de 65 anos em 2033, ou seja, um em cada três será idoso. Constatações como essas estão levando empresas do país a reciclar fraldas descartáveis usadas por adultos, com resultados surpreendentes. O empresário Yukihiro Kimura produz combustível limpo a partir desse material sujo.

Diretor da empresa Super Faiths, Kimura teve seu insight há seis anos. “O impulso foi quando entendi que as fraldas eram tratadas como lixo para ser incinerado. Isso significava que eu podia usá-las como combustível. Essa ideia levou ao desenvolvimento do projeto”, contou ele ao site DW.

As máquinas da empresa de Kimura são capazes de transformar diariamente 600 quilos de fraldas usadas em pelotas cinzentas de combustível. Praticamente sem cheiro, as pelotas são usadas em caldeiras de biomassa para aquecimento de água ou geração de eletricidade.

As fraldas provêm de residências, hospitais e lares para idosos. Após passarem por processos de laceração, fermentação e secagem, são aquecidas até suas bactérias serem totalmente eliminadas.

A Unicharm, uma das maiores empresas do mercado japonês de fraldas descartáveis para adultos, foi outra que partiu para a reciclagem de seu produto. A tecnologia que desenvolveu processa 550 toneladas de peças descartáveis, transformando-as numa polpa usada em revestimentos de papel. Com essa operação, estima uma redução de 30% em suas emissões de gases do efeito estufa.

Em sua opção pela via da sustentabilidade, a Unicharm recorre ainda à reutilização de água na limpeza e separação das fraldas. A água é filtrada por uma célula de combustível microbiana para converter a matéria orgânica em eletricidade.

 

PROCESSOS REDUZEM EMISSÃO DE CARBONO

A Total Care System, outra empresa japonesa, conta com um sistema de reciclagem cuja polpa resultante pode ser usada como matéria-prima em construções. O processo de solubilização hídrica produz também um plástico. Este é transformado num combustível que, aquecido, produz diesel e gasolina. E quase toda a água é reutilizada. Processando mais de quatro toneladas de fralda por ano, a empresa também reduz significativamente sua emissão de carbono.

Conforme um estudo de 2020, o Japão produz cerca de 23,5 bilhões de fraldas descartáveis por ano. Dessas, 8,4 bilhões são usadas por adultos, muitos deles moradores de lares para idosos e atendidos em instituições médicas.

Nas cidades japonesas, 6% a 7% do lixo domiciliar transformado em energia limpa provêm de fraldas coletadas em residências, enquanto empresas especiais recolhem o material de locais destinados aos cuidados dos idosos e também dos hospitais. Um estudo estimou uma redução de 39% nas emissões dos gases de efeito estufa decorrente da fabricação de fraldas com papel reciclado, em comparação a processos de aterragem e incineração.

Para Jeffrey Scott Cross, professor do Departamento de Ciência e Engenharia Transdisciplinar da Escola de Meio Ambiente e Sociedade do Instituto Tecnológico de Tóquio, os resultados de iniciativas como essas poderão ser otimizados conforme a localização física dessas empresas.

“Dado que fraldas usadas fazem volume, a fim de reduzir os custos de coleta e transporte até o local de reciclagem seria bom o equipamento estar localizado de forma central, ou perto dos hospitais ou centros de cuidados geriátricos, onde há muitas fraldas”, disse ele ao DM.

A empresa de pesquisas americana Fortune Business Insights estima um crescimento anual de 7% do mercado global de produtos ligados a incontinência. Avaliado em US$ 9 bilhões há dois, até 2026 esse mercado deverá movimentar algo em torno de US$ 20 bilhões. O envelhecimento da população mundial vem divulgado há tempos pela ONU. Segundo projeções, até 2050 um em cada seis habitantes do planeta será idoso.

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