Embora estejamos todos conscientes dos cuidados que devemos tomar para evitar o contágio do coronavírus, podemos nos ver em situações em que o contato social oferece riscos que não percebemos. É comum, inclusive, encontrar pessoas que tiveram a gripe e não sabem ao certo como foram contaminadas. O jornal inglês The Guardian ouviu um virologista, uma psicóloga e uma especialista em saúde pública para listar erros frequentes que (ainda) cometemos, e que podemos evitar:
- Focar no que é permitido, e não no que é seguro: Há quem encontre amigos para se exercitar ao ar livre, bem como quem não abre mão da faxineira, ou da babá. Às vezes também é preciso encontrar alguém por motivo de trabalho. E um hábito comum é formar grupos de convivência, circulando entre casas de amigos ou parentes. A saúde mental agradece, mas isso não significa estar inteiramente seguro. O problema aqui é não entender a ligação entre as pessoas que você vê num contexto e aquelas que vê em outro. A professora de psicologia da Universidade de Bristol Lucy Yardley dá um exemplo: Os jovens com frequência acham que podem se misturar com seus amigos, porque sabem que eles não são de alto risco. Depois vão visitar os avós e são mais cuidadosos com eles, mas não tanto quanto deveriam, porque estiveram com os amigos, que, por sua vez, estiveram com outros. E mesmo que os jovens evitem visitar os avós, eles convivem com os pais, que, por sua vez, convivem com os avós.
- Confiar em amigos que dizem “Eu sou cuidadoso”: Cuidado com o amigo ou alguém de sua relação profissional que garante respeitar as regras. “Muita gente não revela que rompeu o distanciamento social, e nem que teve sintomas”, diz Yardley. Um estudo com 551 adultos americanos constatou que um quarto deles mentiu sobre suas práticas de distanciamento social ou físico. E entre os que contraíram Covid-19, 34% disseram ter negado ter tido os sintomas a pessoas que lhes perguntaram sobre isso.
- Supor que tudo ao ar livre é seguro: Se você passar um período prolongado ao ar livre ao lado de uma pessoa contaminada – por exemplo, numa fila de ônibus – o vírus que ela está exalando poderá se acumular em seus pulmões. Lembre-se que a duração e a distância do contato são importantes. O risco de se contaminar passando por uma pessoa na rua seria pequeno, mas cuidado com lugares movimentados. Linda Bauld, professora de saúde pública da Universidade de Edimburgo, afirma que mais arriscadas são as interações em ambientes fechados, sem ventilação e sem uso de máscara.
- Acreditar que as precauções são “tudo ou nada”: A quantidade de vírus que você respira pode fazer diferença na gravidade da infecção. Isso significa que mesmo medidas preventivas imperfeitas são melhores que nada. “Cada pouquinho que você faça pode ajudar”, disse Yardley. Especialistas usam o “modelo do queijo suíço” para explicar a defesa. Imagine um queijo suíço cortado em fatias. Cada fatia tem buracos por onde o vírus pode passar, mas quando várias camadas se combinam – máscara, roupa, distanciamento físico, lavar as mãos e reduzir os contatos sociais – a proteção é maior.
- Achar que por estar vacinado pode relaxar: Não se sabe bem até que ponto a vacina impede o contágio, e a resposta imunológica pode demorar semanas para se desenvolver. Também não se sabe se a vacina impede que a pessoa vacinada transmita o vírus.
- Pensar que não se pode pegar a gripe duas vezes: As reinfecções são raras, mas há casos relatados. Não se sabe se você pode se infectar de novo por ter tido uma infecção leve da primeira vez. Também não se sabe se uma pessoa que já teve a gripe pode pegar o vírus e transmiti-lo sem apresentar sintomas.
- Não entender realmente o que significa “transmissão pelo ar”: Se você pode sentir o hálito de uma pessoa, ou a fumaça do cigarro que ela está fumando, está inalando o mesmo ar que ela, portanto também o vírus, caso ela esteja contaminada. É o que diz o virologista Julian Tang, professor do departamento de ciências respiratórias da Universidade de Leicester. Tempo de exposição também conta, adverte ele. E ventilação não significa apenas abrir a janela. É importante que haja uma corrente de ar passando.
- Proteger o rosto de forma inadequada: A melhor proteção é a distância, mas quando não é possível se distanciar fisicamente a máscara pode ajudar muito, afirma Tang. A Organização Mundial de Saúde recomenda máscaras com três camadas de tecido.