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A sincronia entre cérebros na interação humana

Quando interagimos, entramos em sincronia. De forma subconsciente, combinamos nossos passos com o do outro quando caminhamos. Ao conversarmos, espelhamos a postura e os gestos de nosso interlocutor. Estudos já indicaram até que sincronizamos nosso batimento cardíaco e nossa respiração quando assistimos a um filme comovente juntos. E o que dizer da sincronia de pares românticos na cama?

A constatação de que duas pessoas podem sincronizar seus ritmos neurais quando interagem pode vir a derrubar os atuais modelos científicos de consciência humana. É o que afirma a revista Discover em artigo, citando o cientista cognitivo Tom Froese, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, como um dos especialistas que admite essa possibilidade.

Quando tocamos instrumentos e executamos uma música em conjunto e com harmonia, ou quando uma equipe coesa consegue resolver coletivamente um problema, é como se estivéssemos funcionando na mesma frequência. Essa sincronização neural entre cérebros ocorreria especialmente em interações significativas.

A análise apresentada no artigo parte do princípio de que o cérebro humano é formado por bilhões de neurônios, que enviam informações para outros neurônios para executarmos tarefas cognitivas específicas, como produzir pensamentos e controlar movimentos do corpo. Quando disparam, os neurônios emitem sinais elétricos coletivos que se alinhariam a certas frequências.

 

ALINHAMENTO DE FREQUÊNCIAS NEURAIS NO CÉREBRO

Tarefas cognitivas com frequência exigem que diferentes regiões do cérebro se comuniquem, prossegue a análise, permitindo que informações sejam transferidas e integradas. Essas transferências de informação seriam acompanhadas de um alinhamento de frequências neurais de diferentes regiões do cérebro.

Por meio de técnicas como encefalografia e ressonância magnética, cientistas observam atividades neurais quando as pessoas realizam tarefas cognitivas. Ao observarem o que acontece quando algumas tarefas são realizadas em pares ou grupos, eles notaram o que identificaram como ligações funcionais entre cérebros. As oscilações neurais das pessoas se alinhavam quando elas cooperavam entre si.

Ao examinarem a atividade neural de pilotos e copilotos durante uma simulação de voo, pesquisadores notaram altos níveis de conectividade entre os cérebros durante a decolagem e a aterrissagem porque esses eram momentos em que eles precisavam agir como equipe. A atividade diminuiu em outras fases do voo em que eles agiam de forma independente.

Em outro estudo citado, observou-se uma sincronização neural maior entre pessoas que montavam um quebra-cabeça juntas, o que não ocorreu quando elas montaram o mesmo quebra-cabeça individualmente.

 

EXTENSÃO DA CONSCIÊNCIA DURANTE A  INTERAÇÃO

Em termos de experiência individual subjetiva nesses estudos, a constatação foi de que sentimentos maiores de cooperação se alinhavam com níveis mais elevados de sincronização neural. O nível de sincronia entre os cérebros indicaria sentimentos de envolvimento, afinidade, empatia e conexão social.

A maioria dos neurocientistas entende que não há uma única região ou rede do cérebro responsável pela experiência consciente, e sim que a base neural da consciência provém de interações entre várias regiões do cérebro. Com base nesse conhecimento e nas mudanças ocorridas durante interações sociais de cooperação, Froese afirma haver uma “extensão da consciência”.

A ideia é de que, quando socializamos, a sincronização entre cérebros nos liga um ao outro e estende a nossa consciência. “Quando nos tornamos conscientes de que estamos compartilhando um momento com alguém, já não estamos fundamentalmente separados por nossas cabeças distintas – podemos ser dois indivíduos compartilhando uma mesma experiência que se desenrola”, escreveu o cientista.

Segundo Froese, certas características centrais de nossa experiência de consciência, como um profundo sentimento de conexão social, não podem ser explicadas reduzindo o sistema ao cérebro individual, da mesma forma que a água não pode ser reduzida a seus componentes – hidrogênio e oxigênio – uma vez que a interação entre esses dois sistemas determina um comportamento complexo.

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