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Mensagens do WhatsApp transparecem perfil de usuários

Privacidade e rede social não são exatamente termos que se harmonizam. Deixamos uma pegada digital cada vez que postamos alguma coisa. Movidas por um suposto desgaste, as redes sociais estariam cada vez mais interessadas em mecanismos de mensagens privadas, como o WhatsApp. Um estudo mostrou, porém, que não é nada difícil traçar o perfil de um usuário quando se tem acesso a suas conversas no WhatsApp.

Pesquisador do departamento de psicologia da Universidade de Munique, na Alemanha, Timo Koch contou com uma equipe para analisar 300 mil mensagens do WhatsApp e treinar um algoritmo. E concluiu que cerca de mil palavras são suficientes para identificar com alguma precisão a idade e o gênero de usuários da plataforma.

“Nas mensagens privadas você se revela mais, não só no conteúdo, mas também na forma como usa a linguagem”, disse Koch ao El País. Para ele, o estudo evidenciou a necessidade de preservar a privacidade em mecanismos de mensagem instantânea.

Para garantir a privacidade de seus usuários, Kock propõe que as plataformas usem criptografia de ponta a ponta, sejam transparentes com eles em relação a seus procedimentos e usem etiquetas para identificar informações que não estejam cifradas.

O psicólogo comentou: “O Facebook está mudando o foco para essas conversas [privadas], e provavelmente vai querer usar os dados, então precisamos ter uma conversa sobre como queremos proteger essas mensagens e assegurar que, se forem marcadas como privadas, de fato sejam.”

 

JOVENS USAM MAIS EMOTICONS E VERBOS NA PRIMEIRA PESSOA

Para o estudo que realizaram, Kock e sua equipe tiveram como referência conteúdos de 451.938 conversas no WhatsApp cedidas por 495 voluntários alemães. Excluindo interações muito breves e casos em que não havia informações sobre idade e gênero dos usuários, eles ficaram com 226 pessoas, 309.229 mensagens e 1.949.518 palavras. E usaram um número ainda menor para fazer as avaliações.

Para chegarem à conclusão de que bastam mil palavras para identificar gênero e idade, os pesquisadores fizeram uma contagem de palavras numa conversa razoavelmente ativa entre duas pessoas durante três dias, o que resultou nesse número de palavras. Com um número maior de palavras, disseram eles, seria possível analisá-las mais profundamente.

A forma como as pessoas se expressam no WhatsApp segue padrões demográficos, o que facilita a identificação. No grupo estudado por Koch e sua equipe, os usuários mais jovens usavam mais emoticons e verbos na primeira pessoa. À medida que a idade avança, as pessoas se tornariam menos individualistas.

Em termos de gênero, os pesquisadores identificaram um uso maior e mais diverso de emojis e pronomes da primeira pessoa do singular entre mulheres. Aos homens foram associados termos mais coloquiais e mais referências ao consumo de álcool.

Kock observou que uma grande empresa de tecnologia tem acesso a muito mais dados do que ele e sua equipe tiveram. Com mais informações, elas poderiam fazer análises mais complexas da personalidade dos usuários e estudar a forma como as pessoas se revelam por meio das mensagens instantâneas – em contraste com o modo como se manifestam nas redes sociais.

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