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Afroempreendedorismo rompe barreiras no Brasil

As estatísticas relativas à liderança empresarial exercida por negros no Brasil não são exatamente animadoras. Por isso mesmo, têm sido mais do que bem-vindos os incentivos ao afroempreendedorismo no país. Ainda que por meio de iniciativas isoladas de empresas e instituições, a tendência se fortalece e proliferam os exemplos de disposição para superar obstáculos.

Especialista em afroempreendorismo e empoderamento, Isabella Barros afirmou ao site Palestras de Sucesso que o afroempreendedorismo “diz respeito à liderança preta ampliando a visibilidade e contribuindo para o rompimento de várias barreiras sociais estigmatizadas”. Explicou também que os empreendimentos não têm como alvo apenas o público negro – um equívoco comum num país carregado de preconceitos.

“Esta revolução propõe a revisão do antigo pensamento e modelo social do homem branco como figura única de autoridade”, disse Isabella. “Assim, aos poucos, torna o ambiente empresarial mais inclusivo e inovador.”

 

PROGRAMAS DE INCENTIVO E FEIRA PRETA NO MARANHÃO

No mês passado, o Google for Startups anunciou investimentos em doze startups brasileiras fundadas ou lideradas por negros. Sete das empresas têm mulheres à frente. Desde que o Google lançou o programa Black Founders Fund, no ano passado, 29 startups foram beneficiadas. São previstos investimentos de R$5 milhões até março do ano que vem.

Já o Facebook está realizando a segunda edição do evento Impulsione. Com o apoio das aceleradoras Afrohub e Pretahub, do Instituto Feira Preta e das startups Afro Business e Diáspora, serão realizados 19 encontros e workshops gratuitos em oito capitais brasileiras até dezembro. O objetivo é capacitar 3 mil empreendedores.

Em Niterói (RJ), a Subsecretaria de Promoção de Igualdade Racial do município fez uma parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para dar início, semanas atrás, ao programa Potência Negra, que visa a promover a abertura de empresas lideradas por negros. A iniciativa oferece cem vagas para cursos gratuitos em áreas como planejamento de negócios, técnica de vendas, gestão de microempreendedor individual e expansão de negócios.

“Há uma demanda na cidade pelo fomento ao empreendedorismo, que também gera emprego e renda”, disse na ocasião do lançamento do programa a subsecretária municipal de Igualdade Racial, Glória Anselmo.

No Maranhão, a Assembleia Legislativa aprovou este mês a inclusão da Feira MA Preta no calendário do estado. Voltado para o afroempreendedorismo, o evento ocorrerá anualmente em novembro, mês da Consciência Negra. A ideia é destacar iniciativas em áreas como moda, música, gastronomia, design e tecnologia.

 

DIFICULDADE DE CRÉDITO E RACISMO SÃO OBSTÁCULOS

Com resultados divulgados em julho, uma pesquisa realizada por RD Station, Inventivos e Movimento Black Money ouviu 1.016 pessoas para concluir que o afroempreendedorismo no Brasil é, em sua maioria, feminino, solitário e muito ligado a comércio, comunicação e serviços de cuidados. E com uma diferença de renda de 40% em relação aos brancos. Segundo o levantamento, o principal obstáculo enfrentado por empresários negros é a  dificuldade de obter crédito, seguido de racismo.

O estudo mostrou também que 61,9% dos empreendedores negros e pardos têm ensino superior, mas apenas 15,8% dispõem de renda familiar acima de seis salários mínimos. O principal motivo para a abertura de negócios seria a necessidade financeira. Além disso, 63,2% desses empreendedores têm micro e pequenas empresas com apenas um funcionário. As empresas com mais de 51 funcionários estão nas mãos de 0,1%.

Já uma pesquisa do Instituto Locomotiva com apoio do Banco Itaú e do Instituto Feira Preta, realizada em 2018, indicou que 57% dos afroeempreendedores sofrem preconceito ao tentarem abrir um negócio. Mostrou também que 82% dos empreendedores negros do país não têm CNPJ. A estimativa do Locomotiva é de que o Brasil tem pelo menos 14 milhões de empreendedores negros.

Também em 2018, uma pesquisa do Sebrae comparou empreendedores brasileiros brancos e negros. Constatou que os negros ganham menos, são menos escolarizados e têm uma proporção um pouco maior de jovens (43% contra 39% entre brancos).

 

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