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A conexão entre o ciclo circadiano, dopamina e obesidade

A dieta no mundo mudou drasticamente nos últimos cinquenta anos com a inserção de alimentos ultraprocessados facilmente disponíveis em qualquer lugar, a qualquer hora do dia. Muitos desses alimentos são ricos em açúcares, carboidratos e calorias, o que contribui para uma dieta pouco saudável quando consumida regularmente por muitos anos. Essa alimentação impacta diretamente na população. Usando dados norte-americanos, até 1980, apenas 15% dos adultos eram obesos. Hoje, cerca de 40% da população adulta é obesa, e outros 33% estão acima do peso.

Coincidindo com esse aumento de peso estão as taxas crescentes de doenças cardíacas, diabetes, câncer e complicações de saúde causadas pela obesidade, como a hipertensão. Mesmo a doença de Alzheimer pode ser parcialmente atribuída à obesidade e inatividade física.

 

Uma nova abordagem

Atualmente a comunidade científica tem se empenhado em compreender não apenas porque alimentos ultraprocessados engordam, mas porque continuamos a consumi-los mesmo sabendo das consequências. Para além da oferta excessiva desse tipo de comida e a pressão social, seja expressa pela publicidade, rotina acelerada ou ansiedade, os alimentos com alto teor calórico de fato despertam o nosso prazer. 

O problema é que o nosso centro de prazer no cérebro e o mecanismo regulatório dos nosso ciclos circadianos (relógio biológico) estão conectados. Quando ingerimos alimentos altamente calóricos, a dopamina, o hormônio do prazer, é acionada, desregulando os ciclos circadianos. Em consequência, nossos alertas naturais de fome, sono, cansaço e atividade saem dos eixos, e acabamos comendo em excesso.

 

Questão evolutiva

O corpo humano, através de milhares de anos de evolução, está preparado para consumir o máximo de comida possível, desde que esteja disponível. Isso vem de uma longa história anterior, quando as pessoas se alimentavam em breves períodos de abundância, e, em seguida, se preparavam para períodos potencialmente longos de fome. Os seres humanos também eram presas em potencial para animais de grande porte e, assim, buscavam ativamente comida durante o dia, e se abrigavam e descansavam à noite.

Nós evoluímos sob pressões que atualmente são virtualmente inexistentes. É natural que nossos corpos, como organismos, desejem consumir o máximo possível para armazenar gordura, porque o corpo não sabe quando virá a próxima refeição.

Antes do advento da eletricidade, as pessoas começavam o dia de madrugada e dormiam com o pôr do sol. A atividade humana foi sincronizada dia e noite. Hoje, estamos trabalhando, brincando, permanecendo conectados (e comendo) dia e noite. Isso afeta os ciclos circadianos, que foram desenvolvidos para operar em um ciclo de sono-vigília programado para atividades diurnas, alimentação moderada e descanso noturno.

Esse estilo de vida sempre iluminado reformula os padrões alimentares e afeta a maneira como o corpo utiliza energia. Isso altera o metabolismo e leva à obesidade, que causa doenças. Esses estudos demonstram que quando comemos é tão importante quanto a quantidade que comemos. Uma caloria não é apenas uma caloria. Calorias consumidas entre refeições ou em horários estranhos levam à obesidade.

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