Uma equipe internacional de cientistas que estuda a expectativa de vida de mamíferos selvagens descobriu que, assim como os humanos, as fêmeas tendem a viver significativamente mais do que os machos. Os pesquisadores analisaram a expectativa de vida de 101 espécies diferentes de animais e descobriram que as fêmeas viviam em média 18% mais que os machos em mais de 60% dos casos. Nos seres humanos, as mulheres tendem a viver cerca de 7,8% a mais do que os homens.

O estudo descobriu que isso não se devia ao envelhecimento de sexos em taxas diferentes, e sim que as fêmeas têm um risco médio menor de mortalidade na idade adulta do que os homens. E, ao que tudo indica, isso acontece devido a interações complexas entre as condições ambientais locais e os custos de reprodução específicos para cada sexo.

Paralelos contemporâneos

As leoas vivem pelo menos 50% mais tempo na natureza do que os machos. Antes, pensávamos que isso se devia principalmente à seleção sexual, porque os machos lutam entre si para ter acesso às fêmeas. No entanto, os dados apontam que é preciso que haja outros fatores mais complexos em jogo para uma diferença tão acentuada na expectativa de vida.

As leoas vivem juntas, em um ambiente no qual irmãs, mães e filhas cuidam umas das outras. Mas o mesmo não pode ser dito dos leões adultos, que vivem sozinhos ou com um irmão. Eles não contam com a mesma rede de apoio das fêmeas, e perecem com maior facilidade, o que justificaria a diferença na expectativa de vida entre esses animais.

Em espécies nas quais os machos assumem o cuidado dos filhotes, as diferenças continuam acentuadas. No caso das aves, dar à luz e cuidar de filhotes é um custo de saúde significativo para as fêmeas. Portanto, esse custo é reduzido quando ambos os pais trabalham juntos para criar seus filhos.

Esse conhecimento é relevante para refletirmos sobre os papéis sociais de gênero no mundo contemporâneo. É possível levar vidas mais saudáveis fortalecendo redes de apoio e contribuindo para uma existência interpessoal pacífica. A natureza é sábia, e as lições de sobrevivência e convivência por ela oferecidas devem ser interpretadas com atenção pela nossa sociedade.