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A reinvenção das cidades no rastro da pandemia

As cidades não serão as mesmas após a pandemia. Prefeitos buscam soluções para adequar o dia a dia dos cidadãos a uma nova realidade de maior isolamento social, enquanto arquitetos se debatem para criar espaços mais agradáveis e seguros. As medidas passam pela valorização de parques, praças e outras áreas ao ar livre, bem como por iniciativas para reduzir a necessidade de deslocamento.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, imagina uma “cidade de 15 minutos”, em que as necessidades diárias da maioria dos moradores possam ser resolvidas com deslocamentos menores, seja a pé, de bicicleta ou usando o transporte público.

Já em Barcelona, a prefeita Ada Colau anunciou um projeto para adequar a cidade a caminhantes e ciclistas, obedecendo ao distanciamento social. Com um custo de 4,4 milhões de euros, o plano inclui alargamento de vias, 21 quilômetros adicionais de ciclovias e mais doze de ruas exclusivas para pedestres.

A necessidade de passar mais tempo em casa leva a uma revisão da infraestrutura urbana, de forma a priorizar um estilo de vida mais local. “Estamos em uma fase muito experimental”, observou o arquiteto Harm Timmermans, do escritório Shift Architecture Urbanism, em Roterdã, Holanda, em depoimento à BBC. “Haverá muitas tentativas e erros, mas a noção de local será definitivamente muito importante”, previu ele.

Timmermans percebeu como é difícil manter as regras de distanciamento em supermercados. Por isso, criou o que chamou de micromercado hiperlocal, com 16 quadrados que podem ser montados rapidamente em praças públicas, a um custo baixo.

Cada um desses mercadinhos seria composto por três estandes que comercializam produtos diferentes, com capacidade para seis clientes por vez, uma entrada e duas alternativas de saída. “Mercados menores e amistosos ​​são necessários em mais pontos das cidades e vilas”, avaliou o arquiteto . “Isso poderia ser aplicado à maioria das sociedades ocidentais.”

 

ONU DEFENDE CIDADES MAIS COMPACTAS

A exigência do distanciamento social levou o Studio Precht, na Áustria, a projetar um parque público em formato de labirinto. Assim nasceu o Parc de la Distance, num terreno baldio de Viena. Ali, os caminhos guardam uma distância de 2,4 metros entre si e são ladeados por cercas vivas de 90 centímetros de altura.

A  empresa de design australiana Woods Bagot, por sua vez, lançou o projeto Split Shift Home. São unidades domiciliares com paredes móveis, espaços para armazenar alimentos e ainda de uma área para plantar frutas e hortaliças. A ideia é ajudar os pais que trabalham em casa a administrar a responsabilidade com a criação dos filhos.

O Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), agência da ONU dedicada à promoção de cidades mais sociais e ambientalmente sustentáveis, defende cidades mais compactas como uma forma de evitar o contágio e facilitar o acesso a unidades de saúde. “Os benefícios de uma cidade compacta bem planejada incluem tempos de deslocamento mais curtos, ar mais limpo e redução de ruído e de consumo de combustíveis fósseis e energia”, disse Esteban Leon, chefe do Programa Global de Resiliência da Cidade da UN-Habitat.

No Brasil, a plataforma paulista A vida no Centro fez um levantamento de tendências nos grandes centros geradas pela pandemia. Reuniu opiniões de 1.521 pessoas e todo o material possível sobre o tema. Estimou que houve um aumento de 41% no chamado transporte ativo – caminhadas e bicicleta em detrimento de transporte público. Cresceu também o uso de carros de serviços por aplicativo, como forma de evitar aglomerações no transporte público.

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