O colágeno é uma proteína essencial para manter a elasticidade e a firmeza de vários tecidos do nosso organismo. Com a idade e devido aos maus hábitos, nossa produção de colágeno tende a diminuir, o que provoca desde rugas e marcas de expressão na pele até problemas de saúde graves, como o endurecimento do tecido dos pulmões, conhecido como fibrose pulmonar.
Até bem recentemente acreditava-se que a principal causa da fibrose pulmonar era a queda na produção de colágeno. Porém, descobriu-se que alterações na estrutura do colágeno, e não sua quantidade, levam a essa condição.
O papel do colágeno na fibrose pulmonar
A fibrose ocorre quando componentes que mantêm unida a trama de um tecido celular se acumulam até se tornarem rígidos. Esse aumento da rigidez provoca o acúmulo dos componentes, resultando no desenvolvimento de tecido cicatricial, provocando dores e diminuindo a capacidade de respiração dos pacientes.
Os pesquisadores procuraram descobrir o que causa especificamente o aumento da rigidez no tecido humano doente. Como o acúmulo excessivo de colágeno é considerado uma marca da fibrose, sua intenção era checar se essa molécula tem um papel determinante no processo.
O estudo envolveu o exame das características biológicas e mecânicas do tecido pulmonar de pessoas com fibrose pulmonar e a comparação destes com o tecido pulmonar saudável. Os pesquisadores descobriram que as amostras de fibrose pulmonar eram muito mais rígidas do que as de pessoas saudáveis, mas, surpreendentemente, tinham níveis semelhantes de colágeno.
Alterações nas enzimas do colágeno
No entanto, quando analisaram as enzimas que conferem ao colágeno sua estrutura, descobriram que uma família dessas enzimas era mais abundante nas amostras de fibrose. Isso os levou a investigar mais detalhadamente os tipos de estruturas de colágeno nessas amostras. Os pesquisadores descobriram que o aumento da rigidez do tecido pulmonar só ocorreu onde havia maior quantidade de colágeno cruzado maduro e que, nessas amostras, a estrutura de cada enzima do colágeno foi alterada. Isso sugere que é a estrutura do colágeno, controlada pelas enzimas, que determina a rigidez do tecido.
Tendo feito esta descoberta, a equipe testou se eles poderiam alterar a estrutura do colágeno, bloqueando as enzimas, para prevenir a fibrose pulmonar. Testes preliminares com um inibidor dessa enzima se provaram eficazes, reduzindo a fibrose e melhorando a função pulmonar sem efeitos adversos. A simples administração oral dessa nova medicação já conseguiu controlar o avanço da doença.
Uma nova esperança
Descobertas como essa assinalam para uma mudança na forma como tratamos doenças respiratórias, estimulando mudanças mais sensíveis na estrutura dos nossos tecidos celulares ao invés de tratamentos paliativos com corticoides e broncodilatadores. A fibrose pulmonar é uma doença com sintomas semelhantes à pneumonia, que pode avançar por anos sem que os pacientes procurem tratamento adequado, e não possui cura. Conferir aos pacientes melhor qualidade de vida sem recorrer a medidas médicas invasivas é fundamental para o desenvolvimento de uma prática mais humana, mais sensível.