Há algum tempo tenho percebido que toda essa transformação social que desejo ver no mundo está muito mais relacionada com a vida interior do que minhas ações práticas no mundo. Não porque uma é mais importante do que a outra, mas porque quando há de fato uma mudança dentro, o fora se reflete automaticamente e sem esforço.
Parti numa jornada de investigação para entender porque queria ser sempre tão validada e apreciada pelo meu entorno. Depois de travar verdadeiras guerras contra minhas incoerências e hipocrisias, tenho conseguido ser mais carinhosa com essas criaturas que julgo ser tão feias e vergonhosas. Tenho trazido elas para perto, dormido, tomado banho, passeado e brincado com elas, dando toda a atenção que merecem. E percebido que a integração da minha totalidade não é um destino ou algo a ser alcançado, mas uma forma de existir. Um ciclo de vida-morte-vida em constante transformação, que rompe completamente com a linearidade do meu inconsciente colonizado.
Percebo que trilhar esse caminho de dentro é praticar o que prego não para evitar hipocrisias (pois isso parte da vontade de querer ser sempre apreciada), mas para poder melhor servir a essa forma de existir na qual tanto acredito. Faz parte dessa mudança cultural que emerge de dentro para fora, que questiona de onde minhas escolhas vêm – e não para onde elas vão – e vejo esse ativismo profundo sendo um verdadeiro ato político.
Buscar essas validações faz parte da minha história e dos meus traumas, e já não preciso mais querer combatê-los, mas agradecer por serem minhas molas propulsoras para realizar o que minha alma deseja. Me direcionam exatamente para onde preciso ir. São meus vazios que buscam preenchimentos – e esse movimento é a essência da minha jornada aqui na Terra. Só assim poderei transbordar em mim mesma e escorrer como rio nesse fluxo da vida.
Nikita Llerena, instagram.com/nikitallerena