Que as operações de bafômetro dão resultado, não é novidade. Dados do Ministério da Saúde relativos a doze anos, completados em junho, mostram uma redução de 2,4% nas mortes de trânsito, atribuída à campanha Lei Seca. A pandemia inibiu as operações policiais para punir motoristas beberrões, mas os bafômetros poderão ser usados para testes de detecção de Covid-19, indicam pesquisas realizadas nos Estados Unidos e em Israel.
Nos EUA, laboratórios da Universidade de Ohio e da Northeastern University têm realizado testes experimentais com bafômetros para diagnóstico de Covid-19. A adoção do novo uso para o aparelho aguarda aprovação da Food and Drugs Administration, a agência americana que regula alimentos e medicamentos.
Em Israel, um bafômetro criado por pesquisadores da Universidade Ben-Gurion foi usado em maio para testar se 120 pessoas tinham o coronavírus. Teve êxito em mais de 90% das vezes. Outra experiência semelhante, e também bem-sucedida, foi anunciada em julho pelo laboratório israelense Nanoscent.
Na pesquisa americana, os resultados para teste de Covid-19 com bafômetro podem chegar em até 15 segundos, já que não dependem de reagentes ou análises de laboratórios. “Podem ser realizados em qualquer lugar, a qualquer momento”, disse a cientista Perena Gouma, integrante do projeto, à revista Wired.
O bafômetro testado pela equipe de Gouma utiliza sensores de cerâmica para captar compostos suspensos na respiração. Assim como nos testes com motoristas, a pessoa posiciona a boca no receptor descartável e exala. O resultado fica disponível no aparelho e pode ser transmitido pela internet.
RASTREAMENTO DO PERCURSO DO VÍRUS
No projeto da Universidade Ben-Gurion, o resultado do teste é imediato. A amostra é coletada pelo nariz ou pela garganta, numa espécie de cotonete. Denominado eletro-ótico, o método utiliza um kit de sete centímetros acoplado a uma cápsula contendo um chip eletrônico com sensores capazes de detectar o vírus. Quando o chip é iluminado por uma radiação que contém o vírus, a resposta é diferente daquela obtida em pessoas sãs.
O chip usado no teste é posto dentro de um sistema conectado à nuvem, onde fica gravada uma cópia de segurança dos resultados. O banco de dados pode ser usado pelas autoridades sanitárias para rastrear o percurso do vírus. O material não precisa ser transportado ou manuseado.
No modelo do Nanoscent, o teste dura trinta segundos. O equipamento é diferente daquele a que os motoristas são submetidos. Expira-se pelo nariz, e não pela boca. O tubo posicionado na narina conduz a um pequeno dispositivo conectado ao celular. O resultado chega ao paciente por meio de um aplicativo, com 85% de precisão.
Em todos os três métodos, a eficácia do diagnóstico para Covid-19 ainda depende de muitas etapas. Ou seja, esses testes devem ser feitos em conjunto com o PCR e o teste sorológico a partir da segunda semana da doença. A precaução contribuirá para uma melhor compreensão da ação dos anticorpos.