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Brasileiros criam protetor solar à base de pequi

Ainda não vai ser neste verão, mas pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) esperam que em breve os brasileiros possam se proteger do sol usando um produto à base de pequi. Eles usaram essa fruta do Cerrado, de sabor peculiar, para criar um protetor solar com propriedades antioxidantes, ou seja, capaz de reduzir os efeitos do envelhecimento.

Também a partir do pequi (Caryocar brasiliense), os cientistas da Unesp fizeram um creme anti-inflamatório. As duas novidades já foram patenteadas pela Agência Unesp de Inovação e aguardam aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possam ser comercializadas.

O pequi é comum na culinária goiana e encontrado em vários estados brasileiros. Seu óleo, extraído da polpa e da amêndoa, já vem sendo utilizado para a produção de medicamentos e cosméticos, mas o que sobra desse processo geralmente é descartado, o que pode representar centenas de toneladas de resíduos por ano, uma vez que corresponde a aproximadamente 90% da massa.

Com a produção do protetor solar e do creme anti-inflamatório, os pesquisadores acreditam que será possível aproveitar quase toda a fruta, já que eles utilizam justamente os resíduos no processo. Além disso, um possível aumento do cultivo de pequi proporcionaria benefícios econômicos para milhares de famílias do Cerrado que já exploram economicamente a fruta.

A farmacêutica bioquímica Lucinéia dos Santos, professora da Unesp e coordenadora dos estudos que levaram à criação dos dois produtos, afirmou à agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que os resultados dos estudos são promissores. “Tivemos a mesma resposta que produtos já consolidados no mercado utilizando uma matéria-prima genuinamente brasileira que iria para o lixo”, disse ela.

 

PREVISÃO DE BENEFÍCIOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS

Santos acrescentou: “A indústria farmacêutica não para de buscar novas medicações e soluções estéticas que sejam eficazes, seguras, de baixo custo e que não causem consequências negativas para o organismo. Nós temos esses produtos. Além disso, nossas inovações contribuem para o bem-estar ambiental, econômico e social, agregando valor a um resíduo que normalmente é descartado.”

A farmacêutica explicou que uma embalagem de sessenta gramas do creme anti-inflamatório de pequi teria um custo aproximado de R$ 8, enquanto cremes anti-inflamatórios também feitos de ingredientes naturais e encontrados no mercado chegam a custar R$ 65.

A pesquisa que levou aos dois produtos teve como inspiração um estudo de uma pesquisadora da Unesp que procurava formas de aumentar o rendimento da extração do óleo de pequi. Santos observou como ela prensava o pequi e desprezava uma grande quantidade de massa que poderia conter substâncias importantes. Ao analisar os resíduos, constatou a presença de compostos fitoquímicos de propriedades anti-inflamatória, antioxidante e fotoprotetora.

Para Santos, o aproveitamento da maior parte do pequi permitiria agregar valor à biodiversidade. “Os frutos são coletados intensamente para consumo nos centros urbanos, mas ninguém planta o pequizeiro de forma ordenada. A produção acontece de forma predatória. Na maioria das vezes, são famílias que trabalham nessa cultura sem nenhum tipo de orientação técnica”, observou.

Realizados em parceria com uma cooperativa de Minas Gerais, os estudos indicaram que, só nesse estado, cerca de 12 mil famílias de 170 municípios dependem economicamente do pequi. Indicaram também que a fruta corre risco de extinção devido à agricultura predatória e à pecuária desordenada. Os pesquisadores da Unesp buscam agora parceiros para aprofundar o trabalho e pôr o pequi na pele dos brasileiros.

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