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Compreendendo o núcleo sombrio da personalidade humana

Tanto a história do mundo quanto a vida cotidiana estão repletas de exemplos de pessoas agindo impiedosamente, de forma maldosa ou egoísta. Classificamos corriqueiramente essas ações como patologias; mesmo sem termos conhecimento formal em psicologia, chamamos de psicopatas pessoas que não demonstram empatia, narcisistas os que exageram na autoabsorção, maquiavélicos os que não possuem escrúpulos para atingir seus objetivos.

Embora à primeira vista existam diferenças perceptíveis entre esses desvios de personalidade, uma pesquisa conduzida pela Universidade de Copenhague aponta que todos esses aspectos sombrios estão intimamente ligados e são baseados em uma mesma tendência negativa.

 

Uma fonte única para comportamentos perversos

O estudo afirma que essas características obscuras podem ser entendidas como a manifestação de uma única disposição comum: o núcleo sombrio da personalidade humana.

Segundo o estudo, o denominador comum de todos os traços sombrios é uma tendência a abusar dos outros de forma utilitária. Ou seja, recorrer às outras pessoas de forma perversa, enxergando-as como uma escada para objetivos egoístas. Esses objetivos são embasados por um sistema de crenças distorcidas, que servem como justificativa para o mal infingido aos outros.

Na prática, isso significa que um indivíduo que exibe um determinado comportamento malévolo (como gostar de humilhar os outros) também terá uma probabilidade maior de se engajar em outras atividades malévolas (como enganar, mentir, roubar), em maior ou menor grau. Por exemplo, narcisistas tóxicos irão se concentrar excessivamente nesse sistema de crenças distorcidas para justificar suas ações, por exemplo, enquanto pessoas sádicas irão se concentrar em provocar o mal pelo prazer de observar o sofrimento de suas vítimas.

 

Os traços sombrios de personalidade

Os pesquisadores demonstraram como esse denominador comum está presente em nove dos mais conhecidos traços de personalidade sombria estudados:

  • Egoísmo: uma preocupação excessiva com a própria vantagem à custa dos outros e da comunidade
  • Maquiavelismo: uma atitude manipuladora e insensível e uma crença de que os fins justificam os meios
  • Desengajamento moral: estilo de processamento cognitivo que permite comportar-se de forma antiética sem sentir angústia
  • Narcisismo: autoabsorção excessiva, senso de superioridade e extrema necessidade de atenção dos outros
  • Entitlement: uma crença recorrente de que se é melhor que os outros é portanto merecedor de tratamento diferenciado
  • Psicopatia: falta de empatia e autocontrole, combinada com comportamento impulsivo
  • Sadismo: desejo de infingir danos mentais ou físicos aos outros por prazer próprio
  • Interesse pessoal: o desejo patológico de promover e destacar o próprio status social e financeiro
  • Racionalidade: destrutividade e disposição para causar danos aos outros, mesmo se alguém se prejudicar no processo

Utilidade terapêutica

Para terapeutas e profissionais de saúde, o conhecimento sobre esse “núcleo sombrio” pode desempenhar um papel crucial em suas pesquisas e tratamentos. Isso facilitaria na avaliação da probabilidade de uma pessoa reincidir ou se engajar em comportamentos mais nocivos e prejudiciais. Também ajudaria a manter o equilíbrio moral em corporações e governos.

Esse mapeamento pode ser comparado a outras pesquisas no campo da psicologia, que apontam que pessoas com um alto nível em um tipo de teste de inteligência também costumam ter uma pontuação alta em outros testes indicando, portanto, um fator comum para inteligência. Da mesma forma, os aspectos sombrios da personalidade humana também têm um denominador comum, o que significa que todos eles são uma expressão de uma mesma tendência negativa.

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